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Stella Goldschlag: A agente judia que entregou seus semelhantes aos nazistas
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Stella Goldschlag: A agente judia que entregou seus semelhantes aos nazistas

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Aventuras Na História
21/06/2025 19h00
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O filme Stella: Vítima e Culpada, lançado nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 19, resgata uma das histórias reais mais polêmicas da Segunda Guerra Mundial: a de uma jovem judia que, em meio aos horrores do nazismo, acabou se tornando colaboradora da Gestapo.

Dirigido por Kilian Riedhof, o longa conta com Paula Beer, premiada atriz de Frantz e Nunca Deixe de Lembrar, no papel de Stella. O elenco também inclui Damian Hardung, Joel Basman, Maeve Metelka, além de outros grandes nomes do cinema e da televisão alemã.

Uma jovem em Berlim

Nascida e criada em uma família secular, Stella Goldschlag era uma jovem comum com o grande sonho de se tornar cantora de jazz. No entanto, com a ascensão do nazismo, qualquer possibilidade de seguir carreira foi por água abaixo.

Em 1940, Stella ainda tentava preservar a aparência de uma certa normalidade, apresentando-se com sua banda e frequentando os clubes de Berlim. Mas sua grande paixão, o jazz, foi logo proibida pelos nazistas. Além disso, sua identidade judaica passou a colocá-la sob constante ameaça, de modo que transformou-se em um alvo direto do regime, de acordo com o portal DW.

Paula Beer interpreta Stella no longa / Crédito: Divulgação/Majestic Film

Decisão radical

O fechamento das fronteiras dos Estados Unidos para a imigração de judeus, em 1943, marcou o início de uma espiral de desespero na vida de Stella Goldschlag. Com todas as tentativas da família para fugir da Alemanha fracassando uma após a outra, ela, os pais e o marido passaram a viver sob constante tensão e medo.

Reduzidos à condição de trabalhadores forçados em fábricas de armamentos, eles enfrentavam uma realidade cada vez mais cruel. A situação se agravou ainda mais em fevereiro daquele ano, quando a Gestapo realizou a grande batida conhecida como Fabrikaktion, que resultou na prisão e deportação de milhares de judeus berlinenses para campos de concentração.

Foi nesse cenário desesperador que Stella foi presa, torturada e, por fim, forçada a tomar uma decisão radical: trabalhar para a própria Gestapo como uma "apanhadora de judeus".

A missão de Stella

A missão da jovem era localizar e entregar judeus escondidos em Berlim, como forma de garantir a própria segurança e a dos pais, que também estavam ameaçados de deportação.

No início, as ações de Stella eram hesitantes. Mas aos poucos, a culpa e o medo que a mulher sentia saíram de cena e a colaboradora da Gestapo passou a se aproveitar das vantagens oferecidas pelos nazistas: roupas finas, liberdade de circulação e dinheiro.

Ao lado de Rolf Isaakson, um antigo parceiro na falsificação de documentos, ela transformou-se em uma caçadora eficiente e implacável. Juntos, eles armavam emboscadas em cafés da Ku'damm e entregavam amigos e conhecidos, saqueando seus pertences antes das prisões.

Fim trágico

Estima-se que Stella tenha traído centenas de judeus. Em troca, conseguiu adiar, por algum tempo, o mesmo destino trágico que seus perseguidos enfrentaram. Mesmo assim, seus esforços foram insuficientes para salvar seus próprios pais, que acabaram deportados e assassinados em Auschwitz.

Cena de 'Stella: Vítima e Culpada' / Crédito: Divulgação/Majestic Film

Riedhof e os roteiristas Jan Braren e Marc Blöbaum construíram o roteiro com base em anos de pesquisa, usando depoimentos de testemunhas, documentos históricos e as transcrições do julgamento da mulher, ocorrido em Berlim Ocidental em 1957.

Naquele julgamento, movido pela comunidade judaica local, Stella foi acusada formalmente de colaborar com a Gestapo. Mas apesar das inúmeras testemunhas que relataram suas ações, ela negou as acusações até o fim e nunca demonstrou arrependimento.

O tribunal, no entanto, considerou que a pena de dez anos que ela havia cumprido anteriormente, sob condenação de um tribunal militar soviético em 1946, era suficiente. Assim, Goldschlag foi libertada.

Após a guerra, Stella viveu com uma série de problemas de saúde física e mental. Ela levou uma existência isolada e mergulhou em uma espiral de sofrimento psicológico, que culminou em sua morte por suicídio em 1994, aos 72 anos.

A abordagem de Riedhof 

A história da judia já havia sido contada antes em livros como Stella: One Woman's True Tale of Evil, Betrayal, and Survival in Hitler's Germany (Stella: a verdadeira história de maldade, traição e sobrevivência de uma mulher na Alemanha de Hitler), de Peter Wyden, e no romance controverso de Takis Würger. Também virou tema de ópera e peças de teatro. Mas a abordagem de Riedhof traz um olhar cinematográfico diferenciado.

Segundo o portal DW, o filme não permite que o público se acomode em um único julgamento moral. Em vez disso, levanta questionamentos incômodos como, em  contextos extremos como aquele, até onde alguém iria para sobreviver?

Riedhof afirma que decidiu contar essa história por acreditar que ela dialoga com os dias de hoje. Segundo o diretor, o crescimento de movimentos antidemocráticos e antissemitas na Europa e no mundo reforça a necessidade de revisitar histórias como a de Stella. O objetivo, segundo ele, não é absolver nem condenar de forma simplista, mas provocar reflexão.

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