Resumão da Semana: A questão dos cegonheiros
33giga
(Agora que virou seção, será que ainda preciso escrever Resumão da Semana no título? Como diria dona Milú, mistééééééério.)
Esses dias, acabou a bateria do controle do portão de casa. Mexi, mexi, mexi no cacete do caralho do negócio e não descobria como abrir. Então, fiz o que qualquer imbecil faria no meu lugar: apelei para o YouTube.

Tutoriais de YouTube, aliás, se tornaram um hobbie, mesmo que eu não queira ou precise aprender a fazer algo. Acesso e fico só ali pensando em por que diabos – além do altruísmo – uma pessoa ligou a câmera e ensinou alguém a dar uma injeção de sei lá o que na própria barriga para evitar que o sangue da perna coagulasse e você pegasse trombose.
(Em tempo: esse tutorial, especificamente, funciona bem.)

Mas voltemos ao cacete do caralho do negócio do portão. Em um dos primeiros vídeos – intitulado “COMO ABRIR Controle de Portão Nice, Trocar Bateria e/ou Limpeza” –, o bom homem já começa avisando que é algo “muito simples e tranquilo”. Você só vai precisar de algumas parcas ferramentas, como é possível visualizar na captura abaixo.

Já fiquei meio com o pé atrás porque um palito de dente, até tinha. Chave de fenda, idem. Mas onde diabos eu ia encontrar uma faca do Crocodilo Dundee?
No final das contas, o rapaz filmou o facão para se amostrar, penso eu. Dado que só usou, veja você!, o palito de dente (e sem a ponta). Provavelmente, ele tirou da boca o que tava usando e boa. Para limpar a dentição, creio, agora recorre ao facão.
(Em tempo 2: fiz o mesmo – usei o palito de dente – e consegui abrir cacete do caralho do negócio do portão.)

E fui falar em altruísmo e – hoje mesmo, aliás – fui alvo de um golpe engendrado (adoro essa palavra) por bandidos altruístas.
De madrugada, recebi um ZapZap de uma pseudo Jadlog. A mensagem dizia que minha encomenda tinha ficado retida, coisa e tal e para liberar bastava eu entrar em um link x (não lembro o endereço, mas era algo como pagueumboletofalsonessesitedetrambique.com), pagar um boleto falso no site de trambique e liberar.
De manhã, fiquei curioso para ver o tal site de trambique e entrei no link. Já de cara pedem meu CPF. Sei que meus dados já circulam livremente na Rua 25 de Março, na Ciudad Del Este (uma ponte é pouca para tanta amizade) e até na Praça da Paz Celestial, mas achei um pouco demais digitá-lo ali.
Então, fiz o que qualquer pessoa bem intencionada faria. Gerei um CPF falso e entrei. Apareceu uma janela alarmista dizendo que se eu não pagar a taxa queimarei no fogo do inferno e, fechando-a, surgiu uma interface para fazer o depósito. No caso, a que está abaixo.

O que eu gostei muito é que, como bons golpistas a altruístas e como bem observou Alex, eles colocam a opção de pagar a mais, mas com desconto, para ser feito de trouxa mais rapidamente. Em 24 horas, você já resolve seu problema de ser roubado lentamente e por um preço abusivo.

E é importante tomar cuidado nesses golpes porque – ao contrário dos meus golpistas, que são altruístas – há muita gente mais mal intencionada por aí. Te cozinham em fogo lento e, quando você vê, uau, tá cozidinho e depenado.
Foi mais ou menos o que aconteceu com outro amigo.
Bêbado, resolveu comprar no Facebook duas bermudas floridas havaianas por preços módicos. No dia seguinte, já se apercebendo que havia caído em um golpe, foi checar em fontes como Reclame Aqui e quetais a reputação da empresa. Sim, era golpe.
Já consciente de tudo, desencanou. O problema é que, seis ou oito meses depois de não ter recebido as tais bermudas, chegou uma mensagem via Zap dizendo que tava tudo parado na Jadlog ou Correios e era só ele pagar uma taxa que liberariam.
É o golpe do golpe.
Para se livrar, fez o que qualquer um faria: pensou em pagar, mas ignorou. Recebeu novamente a mensagem, dizendo que a mercadoria estava parada e coisa e tal. Aí, ele respondeu que já havia recebido. Os golpistas o chamaram de mentiroso e ameaçaram colocar o nome dele no Serasa.
São três golpes em um. E com uma pitada de humilhação – você é chamado de mentiroso por uma pessoa que está tentando te ludibriar (hoje estamos bem de palavras).
Até lembrei da outra vez que um ladrão foi roubar o celular de um outro amigo parado no farol. Ele deu, o bandido olhou e devolveu “esse tá muito surrado”. Rapaz honesto e altruísta. Aposto que, hoje, não passa golpe da bermuda no Facebook. Deve estar na área de logística da Jadlog.

– Esse ódio que ela tem pela Sabina Simonato é das coisas mais aleatórias que já vi. Ainda se fosse o Bocardi, dava para entender.
– E apoiar, aliás.
– Eu me divirto com essa história. É tipo o PC, que odeia o Sampa Crew.
– Mas só a música. Do cara e da mina, pessoalmente, não tenho nada contra.
– São dois homens. Um tem voz fina.
– É o Luiz Paretto?
– Falando em ódio aleatório, meu pai odeia cegonheiro.
– Como é?
– Nunca entendi. Ele vê cegonheiro, já faz algum comentário pejorativo que não cabe aqui nesse horário e nem no mundo pós anos 90.
– E de cegonha, ele gosta?
– Que cegonha?
– O bicho que traz bebê.
– Ah, nunca vi reclamar. Mas se ele pegar alguma dirigindo cegonheira, vixe.
– E se elas tiverem trazendo os bebê de caminhão?
– Caminhão cegonha? Se for, esquece.
– E de moto?
– Vocês tão falando de ódio besta, lembrei de um conhecido que odeia chocolate. Diz que tem gosto de cera.
– Ele já comeu cera?
– Diz que já e achou horrível.
– Não vou nem perguntar se ele já usou chocolate para limpar o chão.
– E também lembrei de uma amiga que odeia chileno que rouba mala no aeroporto de Congonhas.
– Específico, não?
– Lembro que ela chegou até a pensar em sugerir a criação de um muro em cima da Cordilheira dos Andes, para dificultar o transporte das malas roubadas.
– Mas eles roubam aqui em Congonhas e levam para lá? No Chile, não vende mala ou não tem mala para ser roubada?
– Perguntei isso a ela, certa feita. Ela diz que há mais mistérios entre o céu e a Terra do que sonha nossa vã hemorragia.
– Não seria filosofia?
– Ela tem mania de usar a palavra hemorragia aleatoriamente.
– Pessoa estranha.
– Ser humano.
– Como?
– Ela também tem mania de chamar as pessoas de “ser humano”. Nunca é pelo nome, pelo apelido ou algo como “cara”, “bicho”, “mano”. É sempre “oi, ser humano”, “tudo certo, ser humano?”, “passa a mostarda, ser humano”.
– Você tá inventando essa pessoa, né?
– Ser humano, por favor.

E, assim, vamos aos links altruístas – e engendrados por nós – da semana
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