Crianças e cachorros: quando a convivência oferece riscos?

Anamaria








No último sábado (19), a influenciadora Clara Maia usou suas redes sociais para dividir um momento delicado com seus seguidores: ela precisou afastar seus dois cães da raça pitbull, Titi e Tita, de casa. Grávida de gêmeos e já mãe de dois meninos, Clara explicou que os animais começaram a apresentar comportamentos agressivos, colocando em risco sua saúde e a segurança da família.
“De uns tempos pra cá, coisas perigosas vêm acontecendo. Acidentes, entre eles, o que eu rompi meu ligamento e perdi líquido. Eles começaram a ficar com comportamentos esquisitos e perigosos”, explicou ela, bastante emocionada.
Diante disso, a influenciadora optou por levar os cães para um hotel especializado, onde, segundo ela, eles se sentem bem e são tratados com carinho. Ainda assim, a decisão não foi nada fácil.

Mudanças na rotina afetam o comportamento dos pitbulls
De acordo com o especialista em comportamento animal Cleber Santos, mudanças intensas na casa, como a chegada de um bebê, impactam diretamente os pets. “Durante a gestação, tudo muda: visitas, cheiros, rotina. Para o animal, essas transformações podem ser muito estressantes”, explica.
Santos alerta que o ideal é buscar o acompanhamento de um profissional especializado assim que a gestação é descoberta – especialmente se o cão já apresenta sinais de ansiedade, agitação ou agressividade. “Não basta ensinar comandos básicos. O acompanhamento precisa ser comportamental e contínuo, sempre com foco em prevenção”, orienta.
Além disso, o especialista destaca que adestrar o cão antes da chegada do bebê é fundamental para que ele saiba como se comportar, evitando pulos ou movimentos bruscos que possam machucar a gestante ou a criança.
Decisão de afastar o pet exige equilíbrio e empatia
A decisão da influenciadora Clara Maia despertou comentários diversos nas redes, incluindo julgamentos. No entanto, a psicoterapeuta Renata Roma, especialista e pesquisadora da University of Saskatchewan, afirma que o afastamento de um pet também pode ser vivido como uma forma de luto.

“É um processo emocionalmente muito doloroso. Existe um vínculo de afeto com o animal, e quando essa convivência precisa ser interrompida, há uma dor legítima. É preciso acolher isso com empatia, sem julgamentos”, afirma a especialista.
Renata lembra ainda que, além do bem-estar da família, é necessário considerar também o que é melhor para o cão. “Se o animal passa a viver em um ambiente onde pode causar ou sofrer acidentes, ele também está em risco. A decisão de afastá-lo pode ser, inclusive, uma forma de protegê-lo.”
Comportamento canino deve ser cuidado com o mesmo zelo da saúde da gestante
Assim como a gestante acompanha sua saúde com médicos, o ideal é que o pet também receba atenção especializada durante esse período. “Os cães são parte da família e precisam de preparo e adaptação. Um bom adestrador ajuda a garantir segurança e harmonia para todos”, reforça Cleber.
Nesse contexto, comandos como “senta”, “fica” e “vem” fazem toda a diferença. Eles evitam que o animal pule ou corra em direção a uma gestante, o que poderia gerar quedas e até complicações sérias. Além disso, ajudam o cão a lidar melhor com a nova rotina e a presença de um recém-nascido.
Mesmo cães considerados dóceis, como muitos pitbulls, podem reagir de forma inesperada a estímulos diferentes, especialmente se não forem orientados de maneira adequada.
Resumo: O caso da influenciadora Clara Maia mostra como mudanças familiares afetam também os animais de estimação. A decisão de afastar seus pitbulls por segurança envolveu dor, mas também responsabilidade e cuidado. Especialistas reforçam a importância de preparar o pet com antecedência, garantindo bem-estar para todos os membros da casa – de quatro ou duas patas.



