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Bonobos se tornam mais otimistas ao ouvirem uns aos outros rindo, diz estudo
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Bonobos se tornam mais otimistas ao ouvirem uns aos outros rindo, diz estudo

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Aventuras Na História
14/07/2025 14h46
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©Getty Images
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Uma pesquisa recente, conduzida por uma equipe de cientistas da Universidade de Indiana, nos Estados Unidos, trouxe à luz a capacidade dos bonobos de responderem emocionalmente ao riso, semelhante ao que ocorre com os seres humanos. Publicada na renomada revista Scientific Reports no dia 26 de junho, esta descoberta apresenta implicações significativas para a compreensão da evolução das emoções positivas entre primatas, incluindo nossa própria espécie.

O estudo envolveu um teste cognitivo que avaliou o humor dos bonobos do Ape Initiative, localizado em Des Moines, Iowa. Os primatas foram condicionados a identificar caixas de diferentes cores: caixas pretas continham recompensas alimentares, enquanto as brancas estavam vazias.

Após escutarem gravações de risadas de outros bonobos ou sons neutros, os animais foram apresentados a caixas cinzas, que representavam estímulos ambíguos. Segundo o portal Galileu, os resultados foram surpreendentes: os bonobos demonstraram uma disposição notável para explorar as caixas cinzas após ouvirem risadas, indicando uma expectativa otimista sobre o que poderiam encontrar.

Sasha Winkler, pesquisadora visitante no Programa de Ciências Cognitivas da Universidade de Indiana, explica que este fenômeno pode ser comparado ao efeito de "óculos cor-de-rosa". "Os bonobos passaram a tratar os sinais ambíguos como positivos depois de ouvirem risadas, o que indica uma expectativa otimista", destaca ela.

Os pesquisadores consideram que essa evidência experimental marca a primeira observação clara de como o riso em grandes primatas pode induzir mudanças emocionais positivas semelhantes às observadas em humanos. Para além de uma simples reação instintiva, o riso parece funcionar como um potente amplificador emocional entre os bonobos, fortalecendo laços sociais e promovendo a cooperação.

Erica Cartmill, professora de Antropologia e Ciência Cognitiva da mesma universidade, sublinha a importância desta pesquisa: "Este é o primeiro estudo que mede uma mudança de afeto positivo em primatas não humanos a partir de uma breve intervenção experimental".

Evolução do riso

A pesquisa também reforça a teoria de que o riso humano pode ter evoluído a partir de vocalizações originadas durante brincadeiras em um ancestral comum aos grandes primatas. Estudos anteriores já haviam notado semelhanças acústicas entre as risadas dos bonobos e as dos chimpanzés, gorilas e orangotangos. A nova investigação sugere que tanto os efeitos cognitivos quanto emocionais relacionados ao riso podem ter raízes compartilhadas.

Winkler afirma que esses resultados indicam que o riso em outros primatas não só compartilha raízes comportamentais e filogenéticas com o riso humano, mas também fundamentos emocionais e cognitivos. "Esse contágio emocional parece ter surgido muito antes da linguagem", conclui.

A capacidade de "absorver" as emoções alheias é considerada um dos pilares da empatia. Winkler argumenta que essa pesquisa contribui para desvelar as origens evolutivas de características humanas essenciais, como comunicação emocional e cooperação.

Cartmill complementa: "Nossas emoções influenciam diversos aspectos da cognição, como memória, atenção e tomada de decisão. Mas a maior parte das pesquisas ainda se concentra nas emoções negativas. Queríamos entender melhor o papel do afeto positivo, especialmente em nossos parentes vivos mais próximos."

Entre os bonobos analisados estava Kanzi, famoso por sua habilidade única de comunicação através de símbolos em teclado. Infelizmente, Kanzi faleceu recentemente. Winkler expressou sua gratidão por ter trabalhado com ele e destacou a importância dessa pesquisa para aumentar a conscientização sobre as semelhanças entre humanos e bonobos, cuja espécie está ameaçada.

As descobertas ressaltam a relevância do estudo das emoções positivas em animais - um campo emergente na ciência que promete revelar importantes aspectos sobre nossa própria natureza. O riso pode ser mais antigo e compartilhado entre espécies do que anteriormente imaginado.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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