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Colombiana é a primeira paciente do mundo a realizar cirurgia para depressão crônica; entenda
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Colombiana é a primeira paciente do mundo a realizar cirurgia para depressão crônica; entenda

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Bons Fluidos
14/08/2025 19h42
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A administradora de empresas Lorena Rodríguez, 34 anos, enfrentou mais de duas décadas de crises de ansiedade e episódios depressivos. Após inúmeras tentativas de tratamento sem sucesso duradouro, ela se tornou a primeira pessoa no mundo a passar por uma cirurgia de estimulação cerebral profunda (Deep Brain Stimulation – DBS) com quatro eletrodos para reverter a depressão resistente. O procedimento, realizado em abril, foi conduzido pelo neurocirurgião colombiano William Contreras, em Bogotá.

Anos de luta contra a doença

Os primeiros sinais surgiram na adolescência. “Era como viver por obrigação, no piloto automático. Sentia tristeza, vazio e uma ansiedade que não passava. Mesmo em momentos que deveriam ser felizes, eu não conseguia estar presente”, contou, em entrevista ao g1. Com o tempo, vieram as enxaquecas e a dificuldade para realizar tarefas simples, como levantar da cama. “Entendi que não era uma fase, mas uma condição clínica. Meu próprio cérebro parecia me trair”.

Diagnosticada com transtorno misto de ansiedade e depressão resistente, Lorena testou mais de cinco tipos de medicamentos, além de psicoterapia, meditação, medicina funcional, mudanças de país e práticas espirituais. Algumas abordagens trouxeram alívio momentâneo, mas a melhora nunca se sustentou.

Quando a cirurgia virou opção

A possibilidade da DBS surgiu por acaso, quando Lorena acompanhava a sobrinha em uma consulta médica. Após conhecer o trabalho de Contreras, ela escreveu para o especialista em dezembro de 2024 e relatou seu caso. Segundo o neurocirurgião, indica-se o procedimento “quando todos os tratamentos convencionais falham”. Ele explica: “A DBS oferece modulação contínua e reversível dos circuitos cerebrais ligados ao humor e à motivação. O objetivo é ajustar a atividade elétrica dessas áreas para aliviar os sintomas”.

Como funciona a técnica 

Na cirurgia, foram implantados eletrodos no córtex cingulado subgenual (SCG25) – área associada à tristeza profunda – e no braço anterior da cápsula interna, via que conecta áreas do pensamento racional a estruturas emocionais. “Usamos quatro eletrodos – dois por hemisfério – para atingir simultaneamente essas regiões. É a primeira vez no mundo que essa abordagem multitarget, direcionada a múltiplos alvos, é feita para depressão resistente”, afirma Contreras.

Para aumentar a precisão, a equipe utilizou ressonância magnética de alta resolução e mapeamento das conexões cerebrais. “A novidade no caso da Lorena é que realizamos uma cirurgia baseada diretamente nos sintomas. A condição dela incluía vários circuitos cerebrais: ruminação, culpa, ansiedade e tristeza – cada um envolvendo redes diferentes. Um único eletrodo por hemisfério (que é o padrão para esse tipo de cirurgia) seria insuficiente”.

O médico detalha que utilizou “quatro pequenos sensores que medem a atividade elétrica do cérebro e analisam como as áreas se conectam entre si”, possibilitando ajustar a estimulação de forma personalizada. No dia seguinte à cirurgia, já observaram-se os resultados positivos.

Medo, esperança e renascimento

Lorena sabia que o procedimento exigiria que ela permanecesse acordada em parte da cirurgia, para testes de estimulação. Nos primeiros dias, vieram dores de cabeça e cansaço, mas também mudanças perceptíveis. “É como voltar a ver a luz, como se a luz estivesse entrando por frestas que antes estavam fechadas”. Quatro meses após a operação, ela relata: “Voltei a fazer planos sem medo. Ainda sou eu, mas agora tenho espaço para viver, não só resistir”.

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