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Cantigas populares contribuem para alfabetização infantil
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Cantigas populares contribuem para alfabetização infantil

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Recreio
25/04/2025 15h09
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©Bruno Nacarato
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E quando uma música gruda na nossa cabeça? Isso acontece porque a melodia e a rima têm acesso livre à nossa memória. A repetição suave tem uma força incrível, e assim, brincamos de memorizar.

Imagine, então, o que acontece quando cantamos as cantigas de roda tradicionais? A criança acaba incorporando, de forma inconsciente, cultura, novas palavras e tradição, da maneira mais divertida possível. Ainda mais porque essas cantigas podem ser reproduzidas por vozes familiares à criança, como as da mãe, do pai, de professores, avós e outros. E tudo isso tem um peso afetivo enorme, pois são registradas como memórias emocionais.

Além disso, essas vozes vêm acompanhadas de acalanto, sorrisos e brincadeiras — o que facilita a incorporação das palavras à fala e ao pensamento da criança.

A tradição e a cultura nos fazem sentir pertencentes, e as cantigas de roda, as músicas folclóricas, são os primeiros veículos para que a criança compreenda isso. A mesma música é ouvida e repetida na escola, em casa, com os vizinhos, ao longo dos anos. E isso é essencial. Talvez ela não entenda o motivo, mas sentirá que faz parte de uma sociedade, de um grupo.

Essas cantigas perduraram no cotidiano de uma nação por razões consistentes. Não foi por acaso que atravessaram tantas gerações — elas sobreviveram por seu balanço, por sua “genética cultural” e pelo imenso poder de identidade que carregam.

Depois que essas cantigas são incorporadas pelas crianças, é um pulo para que sejam transformadas, decifradas e transcritas em letras escritas. A alfabetização torna-se muito mais natural, e a leitura se torna uma consequência prazerosa de todo esse processo. A fonética, a melodia, a rima e o afeto abrem caminho para o alfabeto.

Os livros “Só sei que foi assim volume 1 e 2” são um exemplo vivo da valorização dessas cantigas. Além de cantadas por meio de QR Codes, com arranjos em diversos estilos musicais brasileiros como forró, xote, frevo, bossa nova e outros, ele apresenta contos engraçados e curiosos sobre a origem dessas músicas.

Capa do livro 'Só Sei que Foi Assim vol. 2'
Capa do livro 'Só Sei que Foi Assim vol. 2' - Divulgação/Editora Melhoramentos

Como foi inventada a música “Fui ao mercado”? E a do “Papagaio Louro”? São 21 contos que acompanham suas respectivas músicas folclóricas, recheados de brasilidades e referências de norte a sul — com histórias sobre nosso país e seus colonizadores.

Toda a cor, movimento e estética das xilogravuras dos renomados J. Borges e Pablo Borges dão corpo a essas canções e rosto a esses personagens tão importantes para nós. Quem foi a Terezinha de Jesus? Como ela era? Nesse caso, ela é uma mistura de bandeirante e indígena, com uma generosidade transbordante, imersa em uma história curiosa e emocionante.

O livro reflete exatamente o que sinto pelo Brasil e como acredito em sua potência para criar crianças felizes, cultas, conscientes e com uma autoestima bem fundamentada. Tentei levar para os contos o humor e a alegria que sentia ao dançar e cantar nossas cantigas. Lembro-me bem da minha mãe cantando “Fui no Itororó” quando eu era pequena — e minha imaginação viajava para esse lugar misterioso. E por que, afinal, o narrador deixou a linda morena no Itororó? Agora você vai descobrir o porquê.

Tudo isso me fascina e me envolve. Vamos cirandar de mãos dadas — junto com toda a cultura e a alfabetização tranquila e efetiva que o Brasil merece.

Mais sobre Fernanda de Oliveira

Conhecida como Fê Liz, Fernanda de Oliveira é escritora, compositora, cantora e produtora de peças de teatro com mais de 25 anos dedicados ao público infantojuvenil. É autora de 37 obras e já foi reconhecida por importantes instituições e projetos, como a Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ), o Selo Cátedra Unesco de Leitura da PUC-RIO, o PNLD e o selo AEILIJ, da Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil. Por meio dos livros “Só sei que foi assim, vol. 1” e "Só sei que foi assim, vol. 2", promoveu uma exposição homônima no Consulado-Geral do Brasil em Barcelona.

Leia a matéria original aqui.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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