Menina sem nome: A história por trás de um dos túmulos mais visitados do país
Aventuras Na História


O dia 23 de junho de 1970 será marcado para sempre na história de Recife. A data, porém, não remete a um fato positivo, mas se tornou marcante por conta de toda a lenda que começou a partir de então.
No dia em questão, o corpo de uma menina foi encontrado na Praia do Pina pelo vendedor de coco Arlindo José da Silva. Como recorda matéria do UOL, na época, foi relatado que a vítima estava com o rosto cravado na areia e suas mãos estavam atadas.
O caso gerou uma enorme comoção entre os moradores da capital pernambucana e se tornou um enorme mistério. Em um primeiro momento, Arlindo chegou a ser preso por ser suspeito de ter cometido o crime, mas logo depois acabou solto.
Seis dias depois, em 29 de junho, as investigações apontaram para o mecânico Geraldo Magno de Oliveira. O trabalhador confessou o crime em depoimento à polícia recifense. Oliveira contou, como aponta o UOL, que convidou a garota para passar a noite com ele.
O mecânico diz ter oferecido a ela 5 cruzeiros para isso. Porém, como não tinha troco, a menina começou a xingá-lo de “vigarista” e “velhaco”.
Apesar da confissão, pouco depois Geraldo disse que só contou aquela história por ter sido coagido e torturado pela equipe de polícia. Mesmo assim, sua prevenção preventiva foi decretada. Ele foi assassinado na cadeia antes de ser julgado.
Quem era a vítima?
Apesar do real responsável pelo crime ser um tema controverso, esse não é o ponto mais curioso de toda a história. Como você deve ter reparado, o nome da menina não foi citado em nenhum momento, mas isso não é por acaso, afinal, ninguém nunca soube sua verdadeira identidade.
Como mostra matéria do UOL, o corpo da garota ficou por duas semanas no Instituto de Medicina Legal (IML) de Recife. Durante todo esse tempo nenhum parente ou conhecido que pudesse identificar o corpo apareceu.
Assim, com o aval da Secretaria de Segurança Pública, a menina foi enterrada como indigente em 3 de julho de 1970, no Cemitério de Santo Amaro. Ironicamente, aquela que parecia estar sozinha, jamais deixou de estar acompanhada após seu sepultamento.
Afinal, diversos moradores passaram a atribuir conquistas a ela. Nascia a lenda da “Menina Sem Nome”. Moradores locais relatam que diversos pedidos feitos a garota começaram a ser realizados.

Como diz a lenda local, ela atendeu por desejos que iam desde conquistas materiais até a cura de pessoas doentes.
Desde então, seu túmulo se tornou um dos mais conhecidos e visitados do país, com pessoas lhe ofertando doces, flores, brinquedos, perfumes e centenas de cartas com agradecimentos. Os presentes se tornam mais frequentes no Dia de Finados, em 2 de novembro.
A lenda, inclusive, virou assunto de um documentário produzido por Adriano Portela. O jornalista e cineasta diz que: "Ela [a história da Menina Sem Nome] está enraizada na cultura de Pernambuco. Todo mundo já escutou falar da história. O caso deixou de ser um fato jornalístico e se tornou lenda a partir da história da exumação e dos milagres".
