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A história de 3.000 anos escondida no símbolo @
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A história de 3.000 anos escondida no símbolo @

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Aventuras Na História
27/09/2025 16h00
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O símbolo @ é mais do que apenas um caractere em seu teclado: ele carrega uma história milenar e atravessa fronteiras culturais. Em Taiwan, é chamado de “ratinho”; na Rússia, “cachorro”; em hebraico, “strudel”; e na Holanda, “rabo de macaco”. Apesar de sua aparência moderna, o @ tem raízes antigas e surpreendentes.

Em 2010, Paola Antonelli, curadora sênior de arquitetura e design do MoMA, decidiu incluir o @ na coleção permanente do museu. “Eu queria uma exposição de objetos que mostrasse que todos podem ter uma peça de museu em suas gavetas”, disse Antonelli à BBC. Com objetos do cotidiano como o Post-it e os utensílios OXO, o @ se destacou, revelando sua complexa história.

Símbolo mundial

Antes de se tornar o símbolo da internet, o @ surgiu como abreviação usada por comerciantes para indicar a quantidade de produtos por preço. Na Grécia Antiga, a ânfora, pote de barro com duas alças e gargalo longo, era uma medida padrão para vinho, azeite e grãos. Comerciantes começaram a desenhar um “a” com uma cauda longa para representar a ânfora, economizando espaço e tempo. Em 1536, Francesco Lapi registrou que uma ânfora de vinho valia cerca de 70 ou 80 ducados, usando @ para indicar a unidade.

Com o tempo, o símbolo ganhou espaço nas máquinas de escrever do século 19, especialmente nos Estados Unidos, impulsionado pela necessidade de registros comerciais e contábeis. Gerry Leonidas, professor de tipografia, explica à BBC que o @ se tornou um elemento essencial, sobrevivendo a gerações de equipamentos graças à sua função prática.

O verdadeiro salto para o universo digital veio em 1971, quando o cientista Ray Tomlinson, trabalhando na Arpanet, precisou de um símbolo para separar nomes de usuários e endereços de computadores. Assim, o @ deixou de ser apenas um caractere comercial e se tornou peça central do e-mail, redefinindo a comunicação global.

Uso atual

À medida que se espalhou pelo mundo, o @ ganhou novos nomes e significados. Na Itália, é “chiocciola” (caracol); em tcheco, “zavináč” (rollmops); e em espanhol, “arroba”, retomando a conexão com unidades de medida antigas. Em alguns países de língua espanhola, também é usado para indicar gênero neutro, como em “amig@s”.

Além de sua função prática, o @ passou a desempenhar um papel simbólico na identidade digital. Ele força a criação de nomes de usuário únicos, representando nossa persona online e refletindo aspectos da personalidade. Como destaca Leonidas, “temos que inventar uma palavra única para nós mesmos, e isso conecta o @ à compreensão de quem somos”.

A exposição Pirouette: Turning Points in Design, no MoMA, convida o público a redescobrir o @, celebrando sua trajetória que vai da cerâmica grega à internet. Para Antonelli, o encanto do símbolo está na surpresa e na descoberta de sua complexidade: “É o deleite de perceber o quanto há nesse pequeno símbolo de umbigo”, conclui à BBC.

Além de seu valor histórico e funcional, o @ também se tornou um reflexo cultural de nossa era digital. Em redes sociais, ele conecta comunidades, identifica pessoas e marcas, e organiza informações de maneira intuitiva. O simples ato de digitar @ em uma postagem hoje pode significar convite, referência ou engajamento, reforçando o poder simbólico que o caractere adquiriu ao longo dos séculos.

Esse pequeno sinal, que começou como um mero traço comercial, transformou-se em um ícone reconhecido globalmente, mostrando que mesmo os elementos mais discretos do cotidiano podem carregar histórias profundas e influenciar a forma como nos comunicamos e nos relacionamos com o mundo.


*Sob supervisão de Fabio Previdelli

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