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A Rainha Vitória realmente teve um amante e uma filha perdida? Entenda!
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A Rainha Vitória realmente teve um amante e uma filha perdida? Entenda!

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Aventuras Na História
28/07/2025 21h00
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Originado em meados do século 16, o Império Britânico é um dos maiores impérios que já existiu, possuindo várias eras ao longo de sua história. E certamente uma das mais conhecidas é a referente ao reinado da rainha Vitória, que teve um dos reinados mais longos da história — durando 63 anos e 216 dias —, na chamada Era Vitoriana.

Nesse momento da história, o Império Britânico vivia seu auge, com grandes avanços tecnológicos e científicos, mudanças sociais e culturais significativas, embora ainda uma grande rigidez moral e desigualdade social. A própria Vitória ficou especialmente conhecida por restaurar a dignidade e a popularidade da monarquia britânica, além de ter sido extremamente influente para definir uma série de costumes da sociedade.

Vitória tornou-se rainha em 20 de junho de 1837 mas, em 1861, aconteceu uma tragédia sem precedentes que mudaria totalmente o destino de sua vida: a morte repentina de seu marido, o príncipe Alberto, devido a febre tifoide. Viúva e com nove filhos aos 42, Vitória acabou ficando completamente desolada.

Minha vida é sem alegria, e nada, nada jamais poderá trazer de volta um pingo da minha felicidade perdida!", escreveu ela em carta a uma amiga em 1863, já dois anos após a morte de Alberto. "Oh, Deus, por que tem que ser assim? Este anseio é uma tortura! Eu poderia enlouquecer de desejo e saudade".

E, apenas 12 dias depois de escrever a carta, aconteceria outro episódio traumático na vida de Vitória; mas que, dessa vez, pode ter culminado num desfecho mais positivo para ela. 

Acidente

Em uma noite chuvosa de outubro de 1863, Vitória passava por uma estrada nos arredores de Balmoral em sua carruagem após passar o dia cavalgando pelas trilhas acidentadas de Glen Clova com duas de suas filhas, a princesa Helena, então com 17 anos, e a princesa Alice, com 21. Porém, os ventos tombaram a carruagem, e as três ficaram presas em seus destroços.

A única outra pessoa que acompanhava o trio, o condutor da carruagem, correu até a carruagem para resgatar as moças. Enquanto as retirava dos escombros da carruagem, as princesas e a rainha acabaram tendo seus vestidos parcialmente rasgados, e o homem as envolveu em cobertores que encontrou, enquanto aguardavam pela ajuda do castelo.

Finalmente, após o homem permanecer algum tempo de guarda, chegou a ajuda do castelo que esperavam: John Brown. Escocês, ele já era conhecido de Vitória, tendo conduzido seu pônei por muitos anos — e naquela noite, com a rainha desolada, ele pode ter sido visto por ela pela primeira vez de uma forma diferente. Era um homem "da natureza", com um olhar aguçado e conhecimento de estações, animais e do clima, falava com um forte sotaque e sempre usava um kilt xadrez.

Rainha Vitória e John Brown / Crédito: Getty Images

Melhor amigo da rainha

Após a fatídica noite do acidente de carruagem, John Brown certamente deixou de ser um mero servo de Vitória, e passou a ser seu protetor. Totalmente devoto à monarca, ele cuidou de várias de suas tarefas diárias, passava horas sozinho com ela todos os dias, ocupava o quarto ao lado do dela, e até mesmo chegou a arriscar a própria vida para salvá-la de possíveis assassinatos. 

Conforme repercute o Daily Mail, a amizade entre eles era por vezes tempestuosa. Ao contrário de outros servos, John falava com Vitória de maneira bastante direta; enquanto ela se referia a ele como seu "melhor amigo".

Hoje, não há nenhuma confirmação conclusiva de que Vitória e John tenham vivido realmente um romance, mas o que vários historiadores afirmam é que tudo indica que sim. Ainda no verão de 1865, várias fofocas sobre os dois começaram a correr pela Inglaterra, depois que a rainha solicitou a transferência do escocês para a Casa Real em Windsor.

"Histórias estranhas e desagradáveis circulam por Londres...", escreveu Lord Stanley, que serviu duas vezes como seu secretário de Relações Exteriores, em seu diário particular. "A Rainha se interessou por um certo criado escocês, chamado Brown: não quer mais ninguém para servi-la, obriga-o a levá-la sozinha numa carruagem de pônei, a caminhar atrás, ou melhor, com ela, dá ordens por meio dele aos escudeiros, permite-lhe acesso a ela como ninguém mais tem..."

"Provavelmente não há nada nisso, exceto uma paixão por uma dependente bonita e inteligente: mas a coisa virou piada em Windsor, onde Sua Majestade é chamada de 'Sra. Brown' — e se continuar, a piada se transformará em escândalo", escreve Stanley em outro trecho.

Inclusive, vale mencionar que várias referências à rainha como "Sra Brown" insinuavam que ela e o servo mantinham um relacionamento sexual. Até mesmo as filhas do meio de Vitória, Helena e Louise, falavam abertamente de John como "amante da mamãe" — o que o Lord Stanley presumiu que fosse uma piada.

Também em 1865, no quarto aniversário da morte de Alberto, Vitória levou John consigo para o culto no Mausoléu Real de Frogmore. E após isso, ela escreveu à Vicky, sua filha mais velha, que era casada com o príncipe herdeiro da Prússia e morava em Berlim:

"Preciso lhe contar como meu pobre e fiel Brown falou comigo de forma tocante ontem. Ele ficou tão comovido; disse com seu jeito simples e expressivo, com um olhar tão terno de piedade enquanto as lágrimas rolavam pelo rosto: 'Não gostei de vê-la em Frogmore esta manhã, fiquei com pena de você, de vê-la chegando lá com suas filhas e seu marido deitados lá – casamento de um lado e morte do outro; não, não gostei de ver isso... Não há mais prazer para você, pobre Rainha, e eu sinto por você, mas o que posso fazer por você? Eu poderia morrer por você'".

Escândalo

Com o tempo, histórias escandalosas sobre Vitória e John começaram a correr pelo mundo, o que poderia abalar completamente o império. Em setembro de 1866, um episódio marcante se deu quando o jornal suíço Gazette de Lausanne publicou uma reportagem alegando que a monarca, então com 46 anos, teria se casado secretamente com John, e que estava grávida.

O governo então se horrorizou. Um diplomata britânico na Suíça chegou a reclamar, mas o estrago já estava feito: a imprensa britânica começou a cobrir a história intensamente, e ela logo foi publicada em jornais tão distantes quanto a Austrália.

Porém, isso não abalou Vitória e a relação com John Brown: eventualmente, ela o promoveu e até aumentou seu salário para 150 libras por ano (nessa época, os criados mais bem pagos de Londres ganhavam até 100 libras por ano). Além disso, somente a rainha poderia lhe dar ordens.

Porém, um detalhe é que, desde a morte de Alberto, Vitória recusou todos os seus deveres reais, o que levou muitos súditos a questionarem qual seria o papel da monarca se ela pudesse simplesmente abandonar suas funções. O Times até pediu o fim de sua reclusão, sugerindo que Bertie, seu filho mais velho, deveria assumir o trono caso ela não retornasse.

Foi nesse contexto, inclusive, que Vitória compareceu à Abertura Estatal do Parlamento em 1866 mas, para a surpresa geral, em suas vestes de viúva, em vez de aproveitar-se do resplendor das vestes cerimoniais comuns. Além disso, ela não leu o Discurso da Rainha, passando a função ao Lorde Chanceler.

Muitas pessoas começaram a culparJohn pela série de negligências da rainha, e, em 1869, durante a inauguração da Ponte Blackfriars, multidões enfurecidas se aglomeraram em direção à carruagem da rainha, gritando "Lá está John Brown! Tirem-no daqui! Expulsem-no!"

Salvando a rainha

Porém, o ódio contra John não durou muito e, em 1872, quando um jovem rebelde irlandês chamado Arthur O'Connor tentou disparar contra a rainha, o servo escocês rapidamente se moveu, puxou o rapaz para longe da carruagem e o imobilizou. Desde então, John deixou de ser vaiado, recebeu um revólver e passou a ser visto por todos como o verdadeiro e fiel protetor de Vitória.

"Você verá nisso a grande ansiedade de mostrar cada vez mais o que você é para mim e, com o passar do tempo, isso será cada vez mais visto e conhecido. Todos me ouvem dizer que você é meu amigo e meu acompanhante mais confidencial", escreveu Vitória a John Brown, ao conceder-lhe uma medalha.

Naquele mesmo ano, Vitória sofreu com uma longa doença, e o próprio John esteve lá cuidando dela. Ele também começou a usar um anel de sinete de ouro simples no dedo mindinho da mão esquerda — curiosamente, o antigo marido de Vitória usava um anel semelhante, mas no mindinho da mão direita.

Casamento secreto?

Embora a história guarde que Vitória nunca mais se casou após a morte de Alberto, há fortes indícios de que houve um casamento irregular entre ela e John. Além do anel, vale destacar que, em seu leito de morte, o adorado capelão real de Vitória, o reverendo Norman Macleod, confessou à sua irmã que havia casado os dois.

Além disso, notava-se que Vitória se importava de maneira especial com a família de John: quando o pai do servo morreu, ela compareceu ao seu funeral, por exemplo. "O fato em si é insignificante, mas nota-se que, de todos os parentes e amigos que ela perdeu, ela nunca compareceu ao funeral de nenhum, e não se considera decente que a única exceção feita tenha sido em favor de um fazendeiro das Terras Altas", escreveu Lord Stanley em seu diário.

Além disso, pouco depois, Vitória também deu à mãe de John uma casa de campo na propriedade de Balmoral, e até ofereceu-se para pagar a viagem de volta do irmão de John, Hugh, que estava na Nova Zelândia. "Sei como sua mãe gostaria e é fácil. Tenho pensado nisso desde que a vi chorar ao falar de todos os seus filhos que vira e conhecera ao seu alcance e mencionou Hugh. Espero, querido, que você faça isso. Sempre seu amigo dedicado". E como o trecho demonstra, nesse momento a rainha também se referia a John não mais como "Brown", mas sim como "querido".

Outros indícios estão no fato de que, quando os filhos de Vitória, Bertie, Affie, Arthur e Leopold, visitavam John, a rainha esperava que eles apertassem-lhe a mão, como se fosse um igual. Isso sem mencionar que Vitória chegou a redigir um memorando afirmando que, caso adoecesse, John seria quem cuidaria dela, e não poderia ser impedido de estar ao seu lado.

No Natal de 1876, Vitória deu a John como presente um elaborado bule de prata com um monograma com suas iniciais e, no ano novo, um cartão ilustrado com uma empregada doméstica segurando um envelope nas mãos, e as palavras "Meus lábios podem transmitir uma mensagem de amor natalino melhor do que até mesmo minha carta".

John Brown e a rainha Vitória / Crédito: Getty Images / Domínio Público

Morte de John

Em 1882, um homem chamado Roderick Maclean disparou contra a carruagem em que a rainha estava, e John pulou por cima da traseira do veículo para resgatá-la, demonstrando mais uma vez que daria a própria vida por ela. Mas apenas um ano depois, a relação de companheirismo que já durava anos chegou ao fim em uma tragédia.

Naquele ano, em certa ocasião, John viu dois suspeitos nas proximidades do Castelo de Windsor, e os perseguiu. Na época, ocorria um inverno extremamente frio, e o companheiro de Vitória contraiu um resfriado que, poucos dias depois, o matou, quando ele tinha apenas 56 anos.

Mais uma vez tomada pela dor, Vitória, assim como fez com Alberto, ordenou que a mão de John fosse fundida e depois esculpida em pedra, com seu anel de sinete de ouro no dedo, e também criou um medalhão com sua fotografia, cabelo e as palavras "querido John" para sua família. Os criados do castelo receberam broches de ouro de luto e, desde então, a rainha começou a usar a aliança de casamento de sua mãe — que John lhe dera — em sua própria mão.

18 anos depois, quando Vitória morreu, em 1901, ela foi enterrada usando aquele anel, e também solicitou que uma mecha de cabelo de John, um de seus lenços de bolso e uma fotografia dele deveria ser enterrado com ela, bem como alguns itens do príncipe Alberto.

Mistérios

Um fato curioso é que, durante mais de cem anos, a verdadeira natureza do relacionamento entre Vitória e John Brown permaneceu oculta e, sob as ordens do filho mais velho da rainha, Eduardo VII, John foi completamente apagado dos registros do palácio. Além disso, os diários de Vitória foram copiados, editados, e os originais completamente destruídos.

Muito após a morte de Vitória, em 1987, a família do médico da rainha, James Reid, decidiu publicar seus diários pela primeira vez, onde havia revelações e testemunhos dele do relacionamento íntimo entre Vitória e John. Mas a princesa Margaret pessoalmente tentou impedir a publicação.

Dessa forma, descobrir com certeza o que aconteceu entre a rainha e seu servo é um verdadeiro desafio, talvez impossível. Mas isso também abre brechas para algumas teorias e mistérios.

Certamente a teoria mais chamativa é relacionada a uma menina chamada Mary Ann, filha única de Hugh, irmão de John, que se mudou com a esposa Jessie para a Nova Zelândia. Isso porque em um testamento está indicado que, caso vários membros da família de Mary Ann morressem, um funcionário de Balmoral deveria receber a guarda dos filhos.

Vale mencionar que Mary Ann teve seu nascimento registrado logo após a chegada de Hugh e Jessie à Nova Zelândia, em 1865. Com isso, há quem acredite até mesmo que a menina era, na verdade, filha de Vitória e John, que foi enviada em segredo aos confins do império.

De qualquer forma, embora existam muitos sinais e pistas, ainda é impossível ter plena certeza da relação e de todos os fatos em torno de Vitória e John. O que se pode dizer com certeza é que, mesmo desolada e em um dos momentos mais sombrios de sua vida, ela encontrou conforto neste servo, que permaneceu fielmente ao seu lado até seus últimos dias de vida.

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