Afton Burton: A mulher que quase se casou com Charles Manson atrás das grades

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Em 1969, ocorreu uma onda de assassinatos em Los Angeles, nos Estados Unidos, que culminaram inclusive na morte da atriz Sharon Tate, então esposa do cineasta Roman Polanski. Dias depois, as autoridades associaram os crimes a um grupo — ou, em outras palavras, uma seita — que ficou conhecido como "Família Manson", encabeçados por Charles Manson, o assassino em série que nunca matou mais conhecido do mundo.
Quando se fala de notórios assassinos condenados, um tipo de notícia que ainda surpreende, embora não seja de todo incomum, é quando estes homens recebem grande atenção de admiradoras fanáticas. Um exemplo bastante conhecido foi o de Ted Bundy, que tinha inúmeras mulheres oferecendo apoio para si durante seus julgamentos, e até mesmo se casou com uma delas, mesmo no corredor da morte.
E com Charles Manson isso também aconteceu. Na verdade, quando ele foi condenado à prisão perpétua, em agosto de 1970, com 35 anos, toda a atenção sobre ele não demorou para evaporar. Ele já foi casado duas vezes, antes de ser preso, e tinha pelo menos três filhos (todos os quais acabaram supostamente mudando de nome após atingirem a idade necessária, para se afastar da infâmia do pai), mas ainda teve um novo relacionamento surpreendente muito depois, aos 80 anos.

Afton Burton
Afton Elaine Burton nasceu na pequena cidade de Bunker Hill, no estado norte-americano de Illinois, em 1988. Segundo o All That's Interesting, sua cidade natal era uma típica vila rural americana, sem muita agitação e com poucos moradores — de onde certamente uma pessoa sonhadora gostaria de fugir, em busca de alguma grande aventura.
Então, quando completou 19 anos, Afton Burton iniciou sua própria jornada. Em 2007, ela pegou suas economias e partiu com rumo a Corcoran, na Califórnia. Embora fosse maior que Bunker Hill, esta ainda não era bem uma cidade cosmopolita, o que faz com que pareça uma escolha estranha para alguém em busca de experiências. Mas a jovem tinha um objetivo específico em mente: se tornar noiva de Charles Manson.
Nessa época, os crimes de Manson já haviam se tornado conhecidos não só nos Estados Unidos, mas também em todo o mundo, e em vários lugares sempre surgiram pessoas que cultivavam certo fascínio pelo homem. E Afton era uma dessas pessoas que, mais de 40 anos após a prisão, ainda sentia grande atração e interesse por Manson.
Como surgiu a atração?
Segundo relatou a própria Burton, a atração inicial que ela sentia por Manson surgiu após um amigo lhe apresentar a filosofia ambiental do líder do culto, ATWA — "ar, árvores, água e animais", na sigla em inglês —; o que, pelo menos para ela, foi o suficiente para que seus erros fossem apagados.
É, bom, as pessoas podem achar que sou louca", disse Afton Burton à Rolling Stone, certa vez. "Mas elas não sabem. É isso que é certo para mim. É para isso que nasci".

E, segundo a Time, o relacionamento que a jovem acabou construindo com o assassino em série sequer atrapalhou o relacionamento com seus pais, que embora desaprovassem a figura de Manson, sentiam que não podiam impedir a filha de tomar as próprias decisões.
Vale mencionar que, para Burton, pensar que Charles Manson fosse um homem verdadeiramente mau, responsável por orquestrar os assassinatos aos quais ele foi associado, sempre foi um absurdo. Mesmo que ele tenha sido imortalizado como um verdadeiro serial killer manipulador de pessoas, a jovem seguiu inflexível em sua opinião de que a prisão foi injusta — além dela, muitas outras pessoas pensavam o mesmo, visto que ele não assassinou ninguém diretamente.
Casamento
E, embora extremamente improvável, o relacionamento de Afton Burton e Charles Manson foi real. Ele tinha 80 anos, ela tinha 25, e cuidava bem de seu futuro marido. Foi ela quem ajudou a administrar o fluxo de dinheiro e presentes que Manson recebia de vários fãs, além de atualizar a todos sobre o envelhecimento do homem preso em um site, antes de ele falecer.
Inclusive, em 2014, o casal chegou a obter uma licença de casamento, permitindo que eles finalmente pudessem se unir em matrimônio de maneira oficial, após tanto tempo visitando-o sempre que podia na prisão. Porém, a licença acabou expirando em fevereiro de 2015, em meio a rumores de que Burton — que Manson chamava de "Star" — tinha outras intenções com a relação.
O motivo para o casamento não ter acontecido é que, segundo Phil Burton, pai de Afton, os funcionários da prisão em que Manson era mantido não queriam permitir que ele se casasse. Além disso, o serial killer estava em confinamento solitário, sem possibilidade de visitar ou telefonemas, atrapalhando o agendamento do casamento.

Plano de Burton
No livro 'The Last Charles Manson Tapes: Evil Lives Beyond the Grave' ('As Últimas Fitas de Charles Manson: O Mal Vive Além do Túmulo', em português), escrito pelos jornalistas Dylan Howard e Andy Tillett, foi revelado que a história de Afton Burton não era uma mera loucura de amor como parecia.
Isso porque, na verdade, a jovem estava namorando outra pessoa em 2015: Craig Carlisle Hammond, outro grande fã de Manson. Juntos, eles planejavam garantir que "Star" conseguisse os direitos legais sobre o cadáver de Manson depois que ele morresse, para que pudessem exibi-lo a observadores curiosos em uma cripta de vidro — preservando-o da mesma forma como está Vladimir Lenin na Rússia.
No entanto, Manson percebeu que havia algum interesse por trás do relacionamento por parte da jovem. Ainda assim, ele aproveitou e seguiu a farsa, conseguindo chamar atenção para si na mídia nacional, além de conseguir vários produtos de higiene e outros itens indisponíveis dentro de uma unidade correcional.
De qualquer forma, o casamento entre Charles Manson e Afton Burton nunca aconteceu de fato. O assassino em série morreu atrás das grades poucos anos depois, em 19 de novembro de 2017, aos 83 anos. Já Burton, que hoje deve ter 37 anos, praticamente desapareceu, sendo vista pela última vez no funeral de Manson, em 2017.


