Antiga capital da era de Yao e Shun ganha vida com novo parque arqueológico
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O recém-inaugurado Parque do Sítio Arqueológico Nacional de Taosi, na província de Shanxi, norte da China, promete transformar a experiência arqueológica em uma imersão cultural e histórica única. Reconhecido oficialmente durante o Dia do Patrimônio Cultural e Natural de 2025, o parque está localizado sobre um dos mais importantes sítios neolíticos do país — possivelmente as ruínas da capital da era dos lendários imperadores Yao e Shun, há mais de 4.100 anos.
Fruto de quase meio século de escavações sistemáticas, o sítio de Taosi já revelou mais de 5.000 relíquias culturais, como cerâmicas decoradas, objetos de jade e utensílios com inscrições enigmáticas. Esses artefatos permitem reconstituir com detalhes a vida cotidiana, as práticas religiosas e os avanços tecnológicos de uma civilização milenar em formação.
Segundo Gao Jiangtao, chefe da equipe arqueológica de Taosi e pesquisador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, o parque cobre uma área de mais de 519 hectares e apresenta um panorama abrangente das descobertas arqueológicas por meio de exposições físicas e recursos digitais imersivos.
Trata-se de uma síntese de mais de 40 anos de pesquisas, aliada a uma nova abordagem de proteção e transmissão do patrimônio cultural", destacou Gao ao Global Times.
Entre os destaques está a descoberta de um observatório antigo — uma construção que comprova o conhecimento astronômico sofisticado dos habitantes de Taosi. O instrumento gui chi, baseado em um gnômon, é considerado o mais antigo exemplar físico desse tipo no mundo e demonstra que a sociedade já dividia o ano em 20 termos solares, base dos atuais 24 termos do calendário tradicional chinês.
Detalhes
A estrutura do sítio, revelada em detalhes pelas escavações, inclui zonas distintas: da cidade-palácio no nordeste à área residencial popular no noroeste; da zona de sacrifícios e observação astronômica no sul ao setor de produção artesanal no sudoeste. No total, 20 pontos-chave arqueológicos estão conectados por duas grandes vias, formando um circuito educativo e histórico que percorre todo o parque.
A área conta ainda com três museus — incluindo um dedicado à arqueologia astronômica —, murais reconstruídos, palácios, áreas cerimoniais e centros de exposição que ocupam mais de 5.000 metros quadrados. Entre os 230 itens em exibição, destacam-se pratos com pinturas de dragão e objetos de jade com rostos de animais, considerados verdadeiros tesouros nacionais.
Segundo o 'Global Times', além de preservar a memória material do passado, o Parque Arqueológico de Taosi será também um espaço de convivência e aprendizado. Estão programadas atividades culturais, oficinas educacionais e eventos comunitários, visando envolver o público com o patrimônio de forma viva e acessível.
Descoberto em 1958 e escavado oficialmente desde 1978, o Sítio de Taosi foi incorporado ao ambicioso projeto nacional de rastrear as origens da civilização chinesa em 2002. Com sua inauguração em 2025, ele se consolida como símbolo do diálogo entre passado e presente — um local onde a história ancestral da China é contada em linguagem moderna, para o mundo inteiro.