Após 'exorcismo homofóbico', homem recebe indenização no Reino Unido
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O britânico Matthew Drapper, um homem homossexual de 37 anos, receberá uma indenização de uma paróquia da Inglaterra. Isso porque ele foi submetido a um suposto exorcismo para "purificá-lo de sua orientação sexual".
Drapper era voluntário em uma congregação anglicano-batista na cidade de Sheffield, no norte da Inglaterra, quando, em 2014, foi convidado para um "fim de semana com Deus". No evento, líderes da igreja afirmaram que ele tinha uma "impureza sexual", que permitiria a entrada de demônios em seu corpo.
Após isso, ele foi submetido a uma sessão de oração com a intenção de expulsar esses supostos demônios; em outras palavras, passar por um ritual de "cura gay". Após isso, conforme relatou Drapper, ele ficou profundamente deprimido, e até mesmo chegou a considerar o suicídio.
Ele deixou a igreja em 2016 e, em 2019, ele decidiu apresentar uma queixa formal à igreja, solicitando um pedido de desculpas. Porém, a denúncia foi ignorada devido à falta de provas, e ele então recorreu a uma organização beneficente, que realizou uma investigação sobre o caso.
Após isso, no ano passado, a entidade pôde concluir que as orações realmente tinham a intenção de alterar sua identidade sexual e, com isso, ele decidiu abrir um processo contra a igreja. Porém, o caso já havia prescrito na Justiça, mas mesmo assim foi possível fechar um acordo que lhe garantiu uma indenização de cinco dígitos.
Vale mencionar que essa é a primeira vez que alguém no Reino Unido tem direito a uma compensação após ser submetido a uma prática de "cura gay", que o governo britânico se comprometeu a proibir.
Tortura
Segundo a Folha de S. Paulo, casos semelhantes ao de Drapper em várias partes do mundo vêm causando grande comoção. Além disso, vale destacar que a chamada "cura gay" é considerada desde 2020, após um relatório apresentado ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, como uma tortura.
Agora, histórias como a de Drapper evidenciam os danos profundos causados por práticas do tipo, e o britânico e outros sobreviventes planejam lançar um site para incentivar pessoas que viveram episódios semelhantes a compartilhar suas histórias e buscar apoio.