Após incidentes, museus europeus restringem onda de turistas e selfies
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A temporada de verão na Europa escancarou problemas enfrentados por museus diante do turismo de massa, especialmente por visitantes que priorizam selfies e vídeos para redes sociais em vez de apreciar as obras de arte. O uso excessivo de celulares tem gerado incidentes, danos ao patrimônio e sobrecarga às instituições culturais.
No último sábado, 21, na Galeria Uffizi, em Florença, um visitante danificou uma obra ao tentar reproduzir a pose do grão-príncipe Ferdinando de Médici para uma foto. Dias antes, no Palazzo Maffei, em Verona, outro turista quebrou uma cadeira adornada com cristais Swarovski ao sentar-se para fotografar-se.
Em Paris, funcionários do Museu do Louvre chegaram a iniciar uma greve não oficial em protesto contra a superlotação e o comportamento de visitantes mais interessados em capturar imagens do que em contemplar o acervo.
"O problema dos visitantes que vão aos museus para fazer memes ou tirar selfies para as redes sociais está saindo de controle", afirmou Simone Verde, diretor da Galeria Uffizi, em comunicado. A opinião é compartilhada por outros gestores culturais, preocupados em proteger suas coleções diante do fluxo crescente de turistas.
A professora Marina Novelli, especialista em turismo sustentável na Universidade de Nottingham, observa que o perfil dos visitantes mudou. Segundo ela, se antes as pessoas viajavam para admirar obras icônicas pessoalmente, agora chegam com listas do que desejam fotografar para postar online. “Essa atitude revela mais a necessidade de compartilhar o fato de ter estado ali do que a experiência em si”, disse ao The New York Times.
Novas medidas
Para enfrentar a situação, Novelli defende a adoção de medidas concretas que conciliem segurança patrimonial e a experiência do visitante. Entre as propostas estão barreiras discretas, que delimitem com sutileza o espaço entre o público e as obras, e áreas designadas exclusivamente para selfies, com cenários controlados e fora das zonas mais sensíveis do museu.
Também sugere uma sinalização clara e educativa, voltada não apenas para alertar sobre riscos, mas para reforçar a importância do respeito ao patrimônio artístico. A ideia é desencorajar comportamentos impulsivos sem transformar o museu em um ambiente excessivamente repressivo.
Após o incidente no Palazzo Maffei, o museu divulgou imagens das câmeras de segurança com o objetivo de identificar o responsável e alertar outros visitantes sobre as consequências de ações imprudentes. Como resposta imediata, a direção anunciou que a peça passará a ser protegida por uma caixa de acrílico, permitindo sua permanência em exposição sem comprometer a integridade do objeto.
Já na Galeria Uffizi, Verde afirmou que o museu vai estabelecer "limites muito precisos" para conter comportamentos inadequados, sobretudo relacionados ao uso excessivo de celulares para fotos e vídeos, conforme repercute O Globo.
Embora os detalhes ainda não tenham sido divulgados, ele indicou que está em curso a formulação de novas diretrizes que podem incluir restrições ao uso de dispositivos móveis em determinadas salas, instalação de barreiras físicas mais eficazes e reforço na presença de funcionários nas áreas mais vulneráveis. O museu também avalia expandir os sistemas de vigilância e intensificar campanhas educativas junto ao público.