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Arqueólogos descobrem fortaleza genovesa perdida em Odessa, na Ucrânia
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Arqueólogos descobrem fortaleza genovesa perdida em Odessa, na Ucrânia

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Aventuras Na História
28/07/2025 20h30
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Um dos cartões-postais mais emblemáticos de Odessa, na Ucrânia — o monumento ao Duque de Richelieu, posicionado no topo da imponente escadaria Potemkin, com vista para o Mar Negro — esconde sob seus pés uma história muito mais antiga do que se imaginava.

Escavações arqueológicas recentes no Boulevard Primorsky revelaram vestígios da antiga fortaleza genovesa de Ginestra, construída no século 14 por comerciantes italianos da República de Gênova.

A descoberta, anunciada no último dia 19 de julho, surpreendeu os estudiosos, que até então esperavam encontrar apenas as ruínas de uma colônia grega do século 6 a.C. na região.

A campanha arqueológica, liderada por uma equipe da Universidade Pedagógica Nacional da Ucrânia do Sul em colaboração com o Instituto de Arqueologia da Academia de Ciências da Ucrânia, durou três semanas e trouxe à luz muros de pedra e artefatos da fortificação genovesa, além de camadas culturais associadas à posterior fortaleza otomana de Khadjibey, erguida no século 18.

Agora sabemos exatamente o que está literalmente localizado sob o Duque", declarou o arqueólogo e reitor da universidade, Andriy Krasnozhon.

"Sob ele, encontram-se camadas culturais de 2.500 anos — vestígios da antiga colônia grega conhecida como Porto de Ístria, criada no século 6 a.C. e que existiu por cerca de 300 a 400 anos. Mas também há vestígios medievais muito mais recentes, e isso é que nos pegou de surpresa".

A presença genovesa no Mar Negro entre os séculos 11 e 15 é bem documentada, mas a localização exata de algumas de suas fortalezas havia se perdido ao longo dos séculos. A fortaleza de Ginestra, agora identificada sob o Boulevard Primorsky, é uma dessas peças há muito ausentes no quebra-cabeça histórico da presença italiana na região.

"Trata-se de uma estrutura medieval importante, construída por uma república mercantil poderosa que controlava rotas comerciais e participou ativamente, inclusive, do tráfico de escravos no Mar Negro", explica Krasnozhon. "A fortaleza genovesa foi posteriormente substituída pela otomana Khadjibey, cujos vestígios também encontramos durante a escavação".

Os restos da fortaleza genovesa foram localizados próximos ao funicular da cidade, em uma área até então inexplorada arqueologicamente. "Nunca antes haviam sido realizadas escavações na praça semicircular onde está o monumento do Duque", observou o reitor.

A descoberta foi saudada como um marco pela administração municipal. Para Ivan Liptuga, diretor do departamento de cultura do Conselho Municipal de Odessa, o achado fortalece o pedido da cidade para ser reconhecida como Patrimônio Mundial da UNESCO. "É um grande evento para a cidade, para o país, para a história", disse.

Agora isso se tornará um dos atributos do valor universal do nosso patrimônio histórico".

O prefeito de Odessa, Hennadiy Trukhanov, e o deputado Oleksiy Goncharenko (Solidariedade Europeia) foram mencionados como apoiadores da iniciativa arqueológica. Segundo os organizadores, os resultados mais detalhados das escavações devem ser divulgados nos próximos meses.

A descoberta

O ponto de partida para a descoberta foi uma série de estudos de radar de penetração no solo, realizados ainda em 2021, que detectaram anomalias no subsolo do Boulevard Primorsky. Como as irregularidades não estavam relacionadas às instalações urbanas modernas, arqueólogos suspeitaram de estruturas antigas.

Escavações exploratórias realizadas na primavera de 2025 confirmaram que havia de fato uma construção de pedra escondida ali — a base da fortaleza de Hadjibey, e, abaixo dela, os traços ainda mais antigos da estrutura genovesa.

A República de Gênova, entre os séculos 11 e 18, manteve uma vasta rede de postos comerciais e fortalezas que se estendiam por todo o Mediterrâneo e o Mar Negro. Segundo a 'Archaeology Magazine', Ginestra agora se soma à lista de locais recuperados pela arqueologia, oferecendo novas pistas sobre o papel de Gênova nas rotas comerciais da Antiguidade Tardia e da Idade Média, incluindo sua participação ativa no tráfico de escravizados rumo ao Egito e à Europa Ocidental.

Para Odessa, a descoberta não apenas adiciona uma nova camada ao seu já complexo passado histórico — como antiga colônia grega, centro otomano e cidade portuária do Império Russo —, mas também reforça sua posição como um dos polos culturais e arqueológicos mais importantes do Mar Negro.

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