Assentamento na Inglaterra revela transição da Idade do Ferro para a Romana
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Arqueólogos da Cotswold Archaeology anunciaram a descoberta de um assentamento rural inexplorado na margem ocidental de Fordingbridge, localizado no condado de Hampshire, Inglaterra.
A escavação, realizada em preparação para um projeto habitacional da CALA Homes, revelou mais de 2.000 características arqueológicas distribuídas em uma área de 0,84 hectares em um terraço fluvial acima do Allen Brook e seus afluentes. Este local, situado fora do Parque Nacional New Forest, fornece evidências sobre a vida doméstica, atividades econômicas e mudanças no uso da terra desde o final da Idade do Ferro até o período Romano.
Um dos achados mais significativos consiste em um agrupamento de pelo menos 15 casas redondas, cada uma com cerca de 13 metros de diâmetro. Construídas durante os períodos tardio da Idade do Ferro e início da era Romana, essas habitações apresentam entradas voltadas predominantemente para o leste ou sudeste, com algumas apresentando vestígios de varandas.
O fato de algumas dessas construções se sobreporem sugere uma longa história de ocupação contínua e reconstrução ao longo dos séculos. Juntamente com a presença de caminhos, fornos e fossos de contenção, essas evidências indicam que o assentamento não apenas perdurou, mas também se expandiu ao longo do tempo.
A evidência da vida cotidiana é abundante. Diversos fragmentos de pedras de moagem, utilizadas para a moagem de grãos, foram encontrados, indicando que o processamento de cereais era parte integrante da economia local. Um achado notável foi uma pedra de moagem rotativa completa feita de arenito verde, material provavelmente importado de um conhecido centro produtivo em Sussex.
Ruth Shaffery, especialista em pedras da Cotswold Archaeology, destacou em comunicado a raridade dessas descobertas: "Moedores completos são incrivelmente raros, com apenas cerca de 1% encontrado intacto. Este moedor teve uma vida longa e bem utilizada, provavelmente servindo primeiro como pedra de base, antes de ser adaptado e reutilizado como pedra de topo. Na parte mais espessa, uma ranhura havia sido esculpida para encaixar um cabo de madeira, e ambas as superfícies apresentam desgaste devido ao tempo" explicou.
Além do processamento de grãos, arqueólogos também descobriram âncoras de fiar feitas de argila queimada e possivelmente pesos de tear, sugerindo que a produção têxtil fazia parte da economia doméstica do assentamento, conforme repercute o Archaeology News.

Evolução regional
Com a evolução do assentamento durante os períodos Romano Médio a Tardio, há indícios de uma mudança funcional que transacionou de atividades predominantemente domésticas para uma orientação mais industrial. O local passou por reorganizações com novos fossos e trilhas.
Entre os achados dessa fase posterior estão um crisol que indica metalurgia e grandes quantidades de argila queimada, cerâmica mal cozida — os chamados "wasters" — e sílex queimado, todos sugerindo a produção cerâmica local. Em um achado especialmente revelador, fragmentos mal cozidos foram usados como revestimento na base de um poço; em outro caso, argila queimada foi descartada formando uma forma distinta ao resfriar.
Essas descobertas abrem espaço para a possibilidade do local ter funcionado como um centro produtivo regional durante o período Romano. Estudos contínuos sobre as cerâmicas visam determinar se elas correspondem a produtos conhecidos das fábricas na New Forest ou se provêm de um local manufatureiro ainda não estudado.
Segundo a Cotswold Archaeology: "Com o processamento e a análise de artefatos em andamento, as escavações de Fordingbridge já estão fornecendo informações valiosas sobre como esse assentamento rural cresceu, se adaptou e contribuiu para a economia local e regional."
