Conclave: gaivota em chaminé levanta alerta para dilema urbano da Europa

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Nesta semana, católicos de todo o mundo aguardam o anúncio de um novo papa. Desde a quarta-feira, 7, 133 cardeais se reúnem na Capela Sistina para votar no conclave para eleger o sucessor de Francisco, que faleceu no último dia 21 de abril, aos 88 anos.
Enquanto isso, do lado de fora, dezenas de milhares de pessoas observam silenciosamente para o alto, na Praça de São Pedro, mirando especificamente para uma chaminé instalada especialmente para este evento na Capela Sistina. Isso porque é através dela que é anunciado se um papa foi eleito ou não — em caso afirmativo, sairá dela uma fumaça branca; enquanto, caso ainda não seja escolhido, a fumaça será preta.
Porém, enquanto os olhos de muitas pessoas estão voltados para a chaminé, uma gaivota acabou roubando a cena, ao interagir com a chaminé. E, com isso, outro dilema urbano comum em praticamente toda a Europa é reaceso: a presença desta espécie, que vive um "crescimento desenfreado", em especial nos países próximos ao Mar Mediterrâneo.
Praga urbana
As gaivotas-de-patas-amarelas (Larus Michahellis) são aves com penas brancas e cinzas, além de características patas amarelas, que nos últimos anos vêm se espalhando desenfreadamente pela Europa e pela Ásia, tendo inclusive a Itália como epicentro.
"Elas vivem melhor nas cidades do que na natureza, por isso sua população tem crescido muito nesses ambientes. Se beneficiam de ambientes urbanos, principalmente pela facilidade de encontrar alimentos, construir ninhos e não ter predadores", explica o biólogo Renan Demétrio à CNN.
"O problema dessas gaivotas nas áreas urbanas se estende para vários aspectos: elas podem degradar fachadas de prédio, podem defecar nas pessoas nas ruas, em roupas no varal, elas podem ficar agressivas e atacar as pessoas, principalmente pessoas que alimentam esses bichos, elas favorecem a aproximação desses animais, acontecem acidentes e as fezes e as penas desses bichos nos prédios ainda podem causar entupimento de encanamento", complementa o especialista.
Consideradas "oportunistas e generalistas" — ou seja, não são exigentes quanto ao ambiente em que vivem e nem quanto ao que se alimentam —, essas gaivotas são uma espécie comum na Europa, que vem passando por um crescimento desenfreado nos últimos anos. Isso porque, nas cidades, elas não lidam com predadores, além de poderem se alimentar de restos de comida deixados por turistas, o que implica no crescimento de sua população.
Hoje, o animal já pode ser encontrado por todo o continente europeu, além da costa dos Estados Unidos e países do norte da África e Oriente Médio. Porém, em alguns lugares certos mecanismos de controle já se mostraram eficientes, como a retirada de ninhos e ovos, além de uma melhor proteção das fontes de resíduos de alimentos. Essas medidas são necessárias principalmente porque estas aves podem oferecer riscos à saúde da população, a partir da proliferação de bactérias.


