Conheça as preguiças-gigantes, animais da megafauna que habitaram o Brasil

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O Brasil é conhecido no mundo todo por vários fatores como o samba, o futebol, o Carnaval, as praias... E uma das riquezas brasileiras que nem todos lembram, mas certamente é uma das principais, é a nossa fauna. Somos o lar de inúmeras espécies de diferentes tipos, muitas que só existem aqui.
E essa diversidade da biofauna não é uma característica exclusiva dos tempos modernos. Há mais de 10 mil anos, durante a pré-história e antes mesmo da Era do Gelo, por aqui existiram vários membros da chamada "megafauna".
Entre os membros mais notórios da megafauna dessa parte do planeta, estavam os gliptodontes (antepassados do tatu), os mastodontes (ancestrais dos elefantes), os toxodontes (antepassados dos rinocerontes), todos pesando toneladas e com vários metros de comprimento.
Outra espécie que merece menção honrosa são as preguiças-gigantes. Confira a seguir mais detalhes sobre estes enormes mamíferos que aqui viveram:
Diferenças
Os bichos-preguiça são mamíferos arborícolas — ou seja, que vivem em árvores — que podem ser encontrados em várias florestas tropicais pela América Central e América do Sul, com destaque, no Brasil, à Mata Atlântica, em especial na Bahia, Espírito Santo e Rio de Janeiro, e na região amazônica.
Elas também são lembradas por serem bastante lentas e, por isso, quando descem ao chão, correm sérios riscos de vida, seja pela predação humana quanto por outros animais, visto que é um animal basicamente indefeso, com seus no máximo um metro de comprimento, e até 10 kg.

Em contramão, a espécie mais comum de preguiça-gigante que viveu no Brasil é a Eremotherium laurillardi, que podia pesar até 5 toneladas e medir até 5 metros de altura. Outro detalhe relevante, e até óbvio considerando o peso, é que esse animal era terrestre, andando apoiado nas 4 patas, mas ficando "em pé" ocasionalmente para alcançar alimentos nas copas das árvores.
Além disso, as preguiças-gigantes, ao contrário das atuais, também possuíam cauda, eram extremamente peludas e viviam em manada. Mas algo que compartilham em comum é que possivelmente as antepassadas, assim como muitos mamíferos, "provavelmente tinham um cuidado parental", explica Ednair Rodrigues do Nascimento, bióloga especialista em paleontologia, ao g1.
A pesquisadora também acrescenta que, conforme revelaram descobertas paleontológicas, elas possuíam dentes de crescimento contínuo, uma característica própria de animais herbívoros. E para se manter bem-alimentada, a preguiça-gigante poderia consumir até cerca de 300 kg de vegetais todos os dias.

Paleotocas
Se tem algo que as preguiças modernas podem oferecer como um perigo para nós, é o fato de possuírem garras bastante longas que facilmente podem fazer um estrago em uma pessoa descuidada. Porém, com as preguiças-gigantes, o risco era de outro nível: suas garras eram capazes de escavar até mesmo a pedra — o que elas faziam, para construir as cavernas e paleotocas (cavidades subterrâneas) em que viviam.
Inclusive, a maior paleotoca do Brasil, que pode ser encontrada em um distrito de Porto Velho, capital de Rondônia, foi construída por preguiças-gigantes. Após um mapeamento, pesquisadores apontam que o local possui pelo menos 600 metros de extensão, se considerar todos os seus túneis e bifurcações. Em alguns lugares, essas tocas podem ter até 3 metros de altura.

Extinção
As evidências de restos mortais já encontrados sugerem que as preguiças-gigantes habitaram diferentes áreas da América do Sul, havendo registros de que existiram em quase todos os estados brasileiros. No entanto, elas deixaram de existir durante a Era Glacial, há cerca de 10 mil anos, junto a várias outras espécies.
"Imaginemos que hoje nós estamos passando por muito calor. Se esse calor se prolongar por anos ou por milhares de anos — como foi a 'Era do Gelo' — com certeza nós teríamos inúmeras espécies que correriam risco de extinção. Então foi isso que aconteceu com a megafauna: teve um período glacial muito intenso e esses animais não conseguiram se adaptar", explica Ednair Rodrigues.

Além disso, o fato de esses animais terem sido "apegados" a um determinado hábitat, sem mencionar sua alimentação extremamente específica, contribuiu para que fossem extintas. Isso sem mencionar sua taxa reprodutiva:
"Um elefante tem um período gestacional de quase 24 meses. Para ele chegar a idade de copular ele demora 18 anos. Então, imagina para o elefante conseguir viver até essa idade? Isso é uma característica que você pode compartilhar com outros animais gigantes também", conclui a bióloga.


