Espanha aciona alerta após ressurgimento de dragão azul venenoso no litoral
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Um fenômeno raro chamou a atenção nas costas da Espanha recentemente, com a reaparição dos dragões azuis (Glaucus atlanticus), uma espécie de lesma marinha. Esses pequenos organismos foram inicialmente avistados em Guardamar del Segura, na província de Alicante, e rapidamente se espalharam para locais como Santa Bárbara, Lanzarote, Valência e Maiorca.
Em resposta ao surgimento dessas criaturas, as autoridades locais elevaram o nível de alerta, hasteando bandeiras vermelhas e suspendendo temporariamente a prática de banhos no mar. A administração municipal de Guardamar informou que uma operação especial foi realizada entre os dias 20 e 23 de agosto, mas não houve registros de incidentes envolvendo a população.
O prefeito José Luis Sáez fez um apelo à comunidade, recomendando que qualquer contato com os dragões azuis seja tratado com cautela: “Se houver contato, lave com água salgada e procure um posto de primeiros socorros ou um centro de saúde. Esses exemplares são venenosos e a picada provoca náusea, dor e vômito”. Ele ainda orientou os banhistas a evitarem tocar nos animais, mesmo utilizando luvas, e a comunicarem salva-vidas ou autoridades caso avistem novos exemplares.
Cuidado
A aparência do dragão azul é notavelmente impressionante. Segundo comunicado pelo Bureau of Ocean Energy Management (BOEM), dos Estados Unidos, esses animais possuem “três pares de apêndices pontiagudos que se abrem como asas e diminuem de tamanho ao longo do corpo, criando a aparência de um ser em voo. Ele flutua de costas, com a parte azul brilhante voltada para o céu, camuflando-se contra aves predadoras, enquanto o lado prateado, voltado para baixo, se mistura com a superfície iluminada do mar”.
Apesar de seu tamanho modesto — variando entre 3 e 4 centímetros —, os dragões azuis são predadores eficazes. Seus tentáculos, conhecidos como cerata, “guardam células urticantes altamente venenosas, usadas para caçar e se defender”, acrescenta o BOEM. O dragão azul se alimenta principalmente da caravela-portuguesa, acumulando as toxinas dessa presa e aumentando assim a potência de seu próprio veneno, conforme repercute o UOL.
Juan Lucas Cervera, biólogo da Universidade de Cádiz, comentou ao El País que as lesões provocadas pelo dragão azul são “leves e excepcionais; não se comparam às provocadas pela caravela-portuguesa, da qual o dragão azul se alimenta e que possui um número muito maior de células urticantes em seus longos tentáculos”.
Embora Cervera considere que fechar praias devido à presença de apenas três ou quatro exemplares seja um exagero, ele reconhece que esses animais ainda são pouco comuns no Mediterrâneo. Assim sendo, a recomendação permanece: em caso de avistamento, manter distância e informar as autoridades competentes.
