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Estudo sugere que Amazônia pode começar a morrer ainda no século 21
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Estudo sugere que Amazônia pode começar a morrer ainda no século 21

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Aventuras Na História
15/09/2025 16h04
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A conversão da floresta tropical amazônica em savana é apenas o início de um desafio que pode ter implicações profundas para a sociedade e a economia do Brasil.

“No começo, pensei que estivesse lutando para salvar seringueiras, depois pensei que estava lutando para salvar a Floresta Amazônica. Agora, percebo que estou lutando pela humanidade”. Esta frase emblemática de Chico Mendes, seringueiro e ativista ambiental assassinado em 1988, ressoa com intensidade nos dias atuais. Sua luta pela conservação florestal resultou na criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), uma autarquia federal estabelecida em 2007 com o objetivo de administrar as unidades de conservação no Brasil.

O alerta de Mendes se torna cada vez mais pertinente diante das crescentes ameaças à floresta. Um estudo recente, publicado na revista Nature, analisou diversas simulações utilizando Modelos do Sistema Terrestre (ESMs) e concluiu que, se medidas efetivas não forem adotadas, a Amazônia poderá sofrer severamente a partir deste século, com perda significativa de sua capacidade fotossintética.

Os ESMs são ferramentas computacionais que integram dados de diferentes áreas científicas, como física, química e biologia, para simular processos ambientais complexos. A pesquisa investigou o impacto do aumento contínuo da temperatura global e da exploração desmedida do solo sobre a floresta amazônica. As análises realizadas revelaram que, em nove dos doze cenários modelados, a Amazônia poderá enfrentar um colapso acentuado (superior a 80% na produtividade) antes do ano 2100. Essa transformação desencadeará efeitos em cadeia, como secas prolongadas e incêndios florestais, exacerbando a situação.

De acordo com Elisangela Soldateli Paim, coordenadora do Programa Energia e Clima da Fundação Rosa Luxemburgo na América Latina, “as simulações indicam que esse colapso pode ter início já no século 21, mais cedo do que se estimava anteriormente, especialmente sob condições de intenso calor, redução das chuvas, mudanças no uso do solo e alterações no ciclo hidrológico, incluindo o enfraquecimento da circulação oceânica e o deslocamento da Zona de Convergência Intertropical.” 

Ela destaca que os ESMs utilizados nesta pesquisa são os mesmos empregados nos relatórios mais recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que reforçam o consenso de que a tendência para a Amazônia é um clima mais seco e menos chuvoso.

Paim também observa que pesquisas sugerem que o desmatamento pode acelerar a chegada ao chamado ponto de inflexão na região — um fenômeno que resulta na transição para um bioma savânico. Essa possibilidade evidencia a urgência em combater o desmatamento e a degradação florestal.

Transformações

Estudos adicionais corroboram as conclusões da pesquisa publicada na Nature: um futuro sob aquecimento global sem controle pode transformar a Amazônia de uma floresta tropical úmida em uma savana seca e aberta. É possível que esses dois ecossistemas coexistam temporariamente até que ocorra uma transição irreversível.

As consequências dessa transformação são imensas. A Amazônia abriga mais de 10% da biodiversidade terrestre do planeta e armazena uma quantidade significativa de carbono, equivalente às emissões globais de CO2 por 15 a 20 anos (150–200 Pg C). Além disso, exerce um papel crucial no resfriamento climático através da evapotranspiração.

A perda de biodiversidade vegetal é uma preocupação imediata. Com mais de 15 mil espécies arbóreas registradas, a maior parte das árvores é rara. Projeções indicam que até 2050, metade dessas espécies poderá ser classificada como ameaçada devido ao aquecimento global.

Além disso, as comunidades indígenas que habitam essa região — cerca de 40 milhões de pessoas pertencentes a mais de 300 etnias — são fundamentais para a preservação ambiental através do seu conhecimento tradicional. O desaparecimento dessas comunidades resultará não apenas na perda cultural, mas também no esvaziamento desse saber ancestral crucial para a defesa dos ecossistemas.

Os impactos climáticos e sociais também afetarão diretamente a saúde das populações locais. Estudos indicam que mais de 11 milhões de pessoas poderão ser expostas ao estresse térmico extremo devido às mudanças climáticas associadas ao desmatamento.

A previsão é preocupante: o aumento das temperaturas pode levar à diminuição da precipitação anual na Bacia Amazônica em até 44%, além de prolongar as estações secas em até 69%. Esses efeitos têm se tornado visíveis com eventos climáticos extremos frequentes na América do Sul.

A Amazônia também corre o risco de se tornar uma fonte emissora líquida de CO2. Um estudo realizado em 2021 revelou que as queimadas têm gerado três vezes mais dióxido de carbono do que a floresta consegue absorver atualmente.

Por último, há preocupações acerca da produção alimentar. Segundo a Revista Galileu, com a diminuição da cobertura florestal, reduz-se também a vegetação responsável pela evaporação de água na atmosfera. A dependência das chuvas para grande parte da agricultura brasileira torna essa situação alarmante. O último relatório do IPCC sugere que sem intervenções adequadas, culturas essenciais como milho e soja podem ver suas produtividades reduzidas em até 30% até o meio do século.

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