Home
Notícias
Jumento brasileiro pode entrar em extinção até 2030 devido demanda chinesa
Notícias

Jumento brasileiro pode entrar em extinção até 2030 devido demanda chinesa

publisherLogo
Aventuras Na História
26/06/2025 14h30
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
https://timnews.com.br/system/images/photos/16549768/original/open-uri20250626-18-a1rwg1?1750948892
©Getty Images
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE

A população de jumentos no Brasil está à beira do colapso. Segundo estimativas de entidades como a Frente Nacional de Defesa dos Jumentos, mais de um milhão de animais foram abatidos entre 1996 e 2025, reduzindo o número de 1,37 milhão para pouco mais de 78 mil — uma queda de 94%. 

A principal causa é a demanda chinesa por ejiao, uma substância feita a partir do colágeno extraído da pele dos jumentos, usada na medicina tradicional chinesa, apesar da falta de comprovação científica sobre sua eficácia.

Mantido o ritmo atual de abates, a espécie "não chegaria a 2030" no Brasil, afirmou Pierre Barnabé Escodro, professor de Medicina Veterinária, Inovação e Empreendedorismo da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), à BBC News Brasil.

Escodro integra uma rede de cientistas que defendem a proibição do abate no país e apoiam o projeto de lei 1.973/2022, atualmente parado no Congresso, que propõe a proibição da prática em todo o território nacional.

O jumento está em risco de extinção em vários países. No Egito ele praticamente não existe mais, e em várias outras partes da África. Por isso o movimento pela conservação hoje é global", destacou.

Segundo a organização britânica The Donkey Sanctuary, cerca de 5,9 milhões de jumentos são abatidos anualmente em todo o mundo para abastecer o mercado de ejiao, que movimenta cerca de US$ 6,38 bilhões (R$ 35 milhões). 

Abate

Segundo a BBC, atualmente, apenas três frigoríficos — todos localizados na Bahia — possuem autorização do Serviço de Inspeção Federal (SIF) para abater jumentos.

Ainda assim, especialistas e organizações de conservação denunciam a falta de rastreabilidade da atividade, o que inviabiliza o controle sanitário e contribui para práticas abusivas. Também afirmam que não há uma cadeia de produção estruturada, tornando o abate de jumentos uma atividade extrativista e insustentável.

Estudos recentes reforçam essas críticas. Um artigo publicado em maio de 2024 na revista científica Animals, assinado por Escodro e outros pesquisadores, analisou 104 jumentos abandonados e destinados ao abate, revelando sinais de inflamação sistêmica em todos os animais — evidência de negligência generalizada.

Uma reportagem da BBC News Brasil de 2021 também mostrou o impacto da atividade em cidades como Amargosa, na Bahia, onde os jumentos praticamente desapareceram. Antes comuns e parte da cultura local, agora são negociados por valores entre R$ 400 e R$ 500, diante da escassez. A pele, por sua vez, chega a ser vendida por até US$ 4 mil no mercado internacional.

Pesquisadores defendem a criação de santuários e a reintegração dos jumentos em atividades como a agricultura familiar, terapias assistidas e programas de tração animal. Regiões como Jericoacoara (CE) e Santa Quitéria (CE) já abrigam centenas desses animais em áreas protegidas. A proposta é transformar esses locais em núcleos de conservação de longo prazo.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
icon_WhatsApp
icon_facebook
icon_email
PUBLICIDADE
Confira também