Livro aponta que Biden omitiu declínio da própria saúde para disputar reeleição

Aventuras Na História






Um livro lançado nesta terça-feira, 20, intitulado "Original Sin" — ou Pecado Original, em português —, afirma que o ex-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ocultou deliberadamente o avanço de seus problemas de saúde para disputar a reeleição em 2024. A obra, escrita pelos jornalistas Jake Tapper e Alex Thompson, chega às livrarias apenas dois dias após a confirmação de que Biden foi diagnosticado com um câncer de próstata já em estágio avançado.
As revelações da publicação reacendem os questionamentos sobre a real condição de saúde de Biden durante seu mandato e lançam luz sobre os bastidores da decisão de seguir na corrida presidencial, mesmo após um desempenho desastroso no primeiro debate contra Donald Trump. O episódio acabou por desencadear sua desistência em favor da então vice-presidente Kamala Harris, meses antes da eleição — que terminou com a vitória de Trump.
De acordo com a sinopse do livro, "ele, sua família e seus assessores sêniores estavam tão convencidos de que só ele poderia derrotar Trump novamente que mentiram para si mesmos, para os aliados e para o público sobre sua condição e limitações." A obra descreve o debate de 27 de junho de 2024 como o momento em que "as consequências dessa farsa foram expostas ao mundo".
De acordo com informações do portal g1, "Pecado Original" se baseia em entrevistas com mais de 200 pessoas, entre integrantes do Congresso, da Casa Branca e da campanha democrata, muitas delas sob anonimato. Os autores relatam episódios preocupantes: Biden confundia nomes de assessores de longa data, esquecia rostos familiares e, em um evento de campanha, não reconheceu o ator George Clooney — seu amigo pessoal.
Mesmo antes do diagnóstico de câncer vir a público, trechos do livro já geravam repercussão ao sugerirem que informações importantes sobre sua saúde foram escondidas dos eleitores. Aliados próximos de Biden negaram qualquer ocultação e reforçaram que ele permanecia plenamente capaz de liderar o país.
No entanto, a publicação aprofunda dúvidas sobre qual será o papel de Biden no futuro político do Partido Democrata e como ele pretende preservar seu legado aos 82 anos.
O livro descreve a campanha pela reeleição como uma "campanha de negação e manipulação" e pinta um retrato duro: "Jake Tapper e Alex Thompson nos levam a portas fechadas e a conversas privadas entre os mais poderosos, revelando a dimensão do problema e quantas pessoas sabiam dele. O que você verá faz com que a decisão do presidente Biden de concorrer à reeleição pareça chocantemente narcisista, auto ilusória e imprudente."
Cenário político
A repercussão do diagnóstico também se refletiu no cenário político. De acordo com o g1, o atual presidente, Donald Trump, afirmou que ficou surpreso ao saber da gravidade do câncer e questionou por que o público não foi informado antes.
Seu vice, J.D. Vance, seguiu o mesmo tom ao retornar de uma viagem ao Vaticano: "Por que o povo americano não teve uma noção melhor de seu quadro de saúde? Por que o povo americano não teve informações mais precisas sobre o que ele realmente estava enfrentando? Isso é coisa séria", disse ele.
Embora assessores afirmem que Biden só foi informado do diagnóstico na sexta-feira, 16, especialistas ouvidos pela Reuters duvidam que uma doença nesse estágio avançado passe despercebida por tanto tempo.
Apesar das críticas, Trump declarou no domingo estar "entristecido" com a notícia e desejou forças ao ex-presidente. Biden, por sua vez, agradeceu publicamente as manifestações de apoio, em nome próprio e de sua esposa.


