Livro explora lado obscuro do assassino de Abraham Lincoln
Aventuras Na História

No novo livro "Midnight on the Potomac", o autor Scott Ellsworth revisita o último ano da Guerra Civil Americana, focalizando um dos eventos mais impactantes da história dos Estados Unidos: o assassinato de Abraham Lincoln, perpetrado pelo ator John Wilkes Booth no Ford's Theatre, em Washington, no dia 14 de abril de 1865.
Ellsworth, que já foi aclamado por seu trabalho anterior sobre o massacre racial de Tulsa em 1921, explica que a ideia para este novo projeto surgiu a partir de duas reflexões: as semelhanças históricas com os dias atuais e o fascínio pelo gênero true crime.
Ele comenta ao The Guardian: "Nos últimos anos, nunca estivemos tão divididos quanto agora. Lembro-me bem da divisão que ocorreu nas décadas de 1960 e 1970. E a única outra vez em que o país esteve tão fragmentado foi nas décadas de 1850 e 1860; isso me atraiu naturalmente para esse tema".
O assassinato
Em suas investigações, Ellsworth se depara com uma nova perspectiva sobre Booth, frequentemente retratado como um assassino solitário e disfuncional. Ele argumenta que essa concepção é simplista e distorcida.
Ao examinar os relatos contemporâneos da época, como os do New York Times e Chicago Tribune, Ellsworth revela um Boothadmirado como artista e ator de sucesso, em contraste com a imagem negativa perpetuada ao longo do tempo.
O autor também destaca que Booth não atuou sozinho; ele estava envolvido em uma vasta conspiração confederada que abrangia planejadores em Richmond, Virginia, até agentes no Canadá e estados do norte.
Ellsworth recria episódios marcantes, como uma tentativa fracassada de incendiar Nova York em novembro de 1864 e os planos iniciais para sequestrar Lincoln antes de decidir assassiná-lo.
À medida que Ellsworth aprofunda sua pesquisa, ele faz conexões contemporâneas surpreendentes. Por exemplo, menciona comentários do aliado de Trump, Steve Bannon, que sugere que o uso frequente da palavra "retribuição" por Trump poderia remeter a códigos utilizados pelos conspiradores do passado.
A narrativa também aborda momentos críticos na trajetória de Lincoln, incluindo sua quase captura em janeiro de 1865 por Lewis Powell, um conspirador que aguardava na calada da noite. A hesitação de Powell em atacar revela as complexidades das circunstâncias que cercavam o assassinato.
Após o assassinato de Lincoln e sua subsequente caçada até Virginia, Ellsworth finaliza sua narrativa no Cemitério Nacional de Arlington, onde reflete sobre a herança deixada por Lincoln e os desafios enfrentados pela nação nos anos seguintes.
Ele enfatiza a importância de reconhecer a coragem dos cidadãos leais que sustentaram a união durante um período tão crítico e devastador.
Por meio deste trabalho abrangente, Ellsworth convida os leitores a reconsiderar não apenas as narrativas conhecidas sobre Lincoln e Booth, mas também o legado coletivo da luta pela liberdade e igualdade nos Estados Unidos.
O autor conclui ao Guardian: "Precisamos honrar aqueles que pagaram um preço alto por nossa liberdade. Eles não poderiam imaginar a América que temos hoje; mas sem eles, não teríamos alcançado esse país".