Para animais e pessoas: As oficinas de embalsamento descobertas em Saqqara

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Localizado a cerca de 30 quilômetros ao sul do Cairo, o sítio arqueológico de Saqqara é uma das necrópoles mais antigas e importantes do Egito. Afinal, Saqqara serviu como local de sepultamento para a antiga capital egípcia, Mênfis, por mais de 3 mil anos.
O sítio arqueológico abriga uma vasta coleção de túmulo, mastabas e outras pirâmides pertencentes a diferentes períodos do Antigo, Médio e Novo Império egípcio. Em junho de 2023, arqueólogos fizeram uma incrível descoberta: duas antigas oficinas de mumificação — uma para humanos e outra para animais. Relembre!
As oficinas
Segundo os pesquisadores, conforme repercutiu o LiveScience na época, as oficinas de mumificação foram datadas de cerca de 2.300 anos atrás. Provavelmente elas estiveram em uso entre o final da 30ª dinastia e o início do período ptolomaico.
O período é conhecido pelo fato do Egito ter perdido sua independência após ter sido conquistado duas vezes: primeiro pelos persas e depois pelo exército macedônio de Alexandre, o Grande.
Quando Alexandre morreu, em 323 a.C., o Egito passou a ser comandado por um de seus generais, Ptolomeu I. Seus descendentes governaram a região pelos próximos três séculos.
Voltando à descoberta, uma das oficinas, a para mumificação humana, foi feita com tijolos de barro. Os pesquisadores também encontraram duas camas que eram usadas no processo de embalsamar as pessoas. No local foi achado restos de ferramentas e resina usada no processo, conforme relatou o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito.

Já a oficina de mumificação de animais contém um grande número de vasos de cerâmica e ferramentas usadas no embalsamento. No Egito Antigo, os animais como cães, gatos e pássaros eram comumente associados às divindades e rotineiramente sacrificados e mumificados como parte de rituais.
Seguindo os sepultamentos encontrados no local, acredita-se que a oficina possa ter sido usada para mumificar animais associados a Bastet — antiga deusa egípcia que é retratada como um gato.
Na região das oficinas, os arqueólogos descobriram dois túmulos que podem ter sido construídos muito antes das oficinas. Segundo inscrições em hieróglifos da tumba, o espaço foi construído para um homem que viveu há cerca de 4.400 anos e possuía vários títulos, incluindo "diretor dos escribas", informou o Ministério do Turismo e Antiguidades do Egito.
O outro, datado de cerca de 3.400 anos atrás, foi feito para um sacerdote. Porém, não ficou claro se os espaços abrigavam restos mortais e tampouco o que foi achado lá. No entanto, pelo menos um sarcófago foi recuperado, relatou o LiveScience.

Além disso, perto das oficinas, os arqueólogos encontraram uma estátua de alabastro de cerca de um metro de altura, que estava dentro de um nicho em uma parede. A escultura representava uma pessoa, possivelmente alguém responsável por supervisionar enterros em partes da região de Saqqara.
A importância da descoberta
Ao LiveScience, Salima Ikram, professora de egiptologia na Universidade Americana do Cairo, que não estava envolvida na escavação, explicou que o achado é "muito emocionante", observando que "nos ajudará a entender melhor as diferentes etapas do processo de mumificação, os materiais e ferramentas usados, e talvez fazer comparações entre o que foi feito com humanos e não com animais".
Afinal, em todos esses anos, poucas oficinas de mumificação foram descobertas no Egito. Segundo textos históricos e achados arqueológicos, havia "provavelmente algum grau de produção em massa" nas oficinas de mumificação de animais, enquanto as oficinas de mumificação humana provavelmente funcionavam em um ritmo mais lento, sugere Ikram.

Acredita-se que famílias inteiras possam ter trabalhado em oficinas de embalsamento. Além do mais, muito provavelmente, havia preços diferentes para diferentes níveis de embalsamamento.


