Rosto de 'ser espiritual' de madeira com mil anos é descoberto na Polônia

Cientistas poloneses anunciaram uma descoberta arqueológica inédita: um rosto humano esculpido em madeira, com cerca de mil anos, foi encontrado nas águas do Lago Lednica, no centro-oeste da Polônia. O achado foi divulgado no último dia 10 de julho e representa o primeiro artefato do tipo associado ao início do período medieval na região.

O objeto, uma viga de carvalho com 1,34 metro de comprimento, foi recuperado em 2023 durante investigações subaquáticas na ilha de Ostrów Lednicki — antigo reduto da Dinastia Piasta, que governou entre os séculos 10 e 14. Segundo os pesquisadores, a escultura data de 967 d.C. e teria integrado a estrutura de defesa da fortaleza local, voltada para as águas do lago.

De acordo com o diretor do Centro Universitário Nicolau Copérnico de Arqueologia Subaquática, Andrzej Pydyn, o rosto foi encontrado durante um verão anormalmente seco, que reduziu significativamente o nível da água. Para o especialista Konrad Lewek, a peça provavelmente representa uma figura do mundo espiritual eslavo — uma pista importante sobre as práticas simbólicas e religiosas da época.

Crenças

A descoberta fortalece a teoria de que os antigos habitantes da região acreditavam em entidades sobrenaturais ligadas a lagos e rios. A imagem, voltada para o exterior da fortaleza, remete também a pequenas estatuetas antropomórficas encontradas em outras partes da Polônia, como em Wolin, e sugere uma tradição artística até então pouco documentada.

Além do seu valor espiritual, a viga esculpida tinha também uma função prática: ajudar a sustentar as muralhas da antiga fortificação. Agora em processo de conservação, o rosto de madeira será exibido ao público a partir do segundo semestre de 2026, no Museu da Primeira Dinastia Piasta, em Lednica. Até lá, os cuidados com a madeira visam preservar sua integridade após séculos submersa.

Segundo a 'Revista Galileu', a equipe de arqueologia subaquática da Universidade Nicolau Copérnico atua no Lago Lednica desde 1982, ampliando o conhecimento sobre um dos mais importantes sítios históricos da formação do Estado polonês.