Tomates 'evoluem ao contrário' nas Ilhas Galápagos? Entenda!

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Recentemente, cientistas identificaram nas Ilhas Galápagos — um arquipélago vulcânico do Oceano Pacífico — um fenômeno raro que ainda não foi completamente explicado: tomates ali cultivados estão apresentando características semelhantes a como estes frutos eram no passado.
O novo estudo descrevendo o fenômeno foi publicado na revista Nature Communications, e chamou grande atenção no mundo científico.
Conforme repercute o portal Tilt, do UOL, os tomates que crescem em algumas ilhas vulcânicas passaram a produzir certas toxinas ancestrais, semelhantes às que existiam em espécies de milhões de anos atrás. Por isso, os cientistas se referem ao fenômeno como sendo uma "evolução reversa".
Para o estudo, foram analisadas mais de 30 plantas em diferentes regiões do arquipélago. Os autores da pesquisa foram pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Riverside, que constataram a variação de acordo com a localização das plantas.
E o que os cientistas perceberam foi que, nas ilhas orientais, os tomates se comportavam como as variedades cultivadas normalmente. No entanto, nas ilhas ocidentais — que são mais novas e possuem um solo mais pobre —, os frutos começaram a produzir certos alcaloides antigos, compostos amargos que, originalmente, eram usados como defesa.
Esses alcaloides, conforme descreve o estudo, são típicos da família das solenáceas — com membros como as berinjelas, as batatas e os pimentões — que, em altas doses, podem ser até mesmo tóxicas para os humanos.
Evolução reversa?
Adam Jozwiak, bioquímico da Universidade da Califórnia e principal autor do estudo, explicou à BBC Wildlife que o que pode explicar o fenômeno é o ambiente extremo das ilhas, que teria forçado os tomates a resgatar essas características. "As plantas podem estar reagindo a um ambiente que se assemelha mais ao que seus ancestrais enfrentaram", afirma Jozwiak.
O destaque no estudo vai a quatro aminoácidos presentes em uma única enzima destes tomates, que podem ser os responsáveis pela mudança. A partir de uma modelagem evolutiva, os pesquisadores conseguiram confirmar que o processo realmente regrediu na linha evolutiva.
No entanto, vale mencionar que essa teoria de "evolução reversa" ainda é motivo de grande polêmica na comunidade científica, visto que muitos cientistas afirmam que a evolução é um processo que ocorre sempre em frente, com os animais e plantas se adaptando ao ambiente, em vez de regredindo evolutivamente.
Porém, o estudo desafia essa ideia: "Algumas pessoas não acreditam nisso, mas as evidências genéticas e químicas apontam para um retorno a um estado ancestral. O mecanismo está lá. Isso aconteceu", afirmou Jozwiak à New Atlas.
Por fim, o autor do estudo também destaca que a "evolução reversa" também poderia acontecer em humanos, mas levaria muito mais tempo. "Se você mudar apenas alguns aminoácidos, pode obter uma molécula completamente diferente", explica o pesquisador.
"Esse conhecimento pode nos ajudar a desenvolver novos medicamentos, criar uma resistência melhor contra pragas ou até produzir alimentos menos tóxicos. Mas, antes, precisamos entender como a natureza faz isso. Este estudo é um passo nessa direção", conclui Adam Jozwiak à New Atlas.


