Vídeo raro mostra solo se partindo durante terremoto devastador em Mianmar

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Um vídeo impressionante, registrado durante o forte terremoto que atingiu Mianmar em março, pode ser o primeiro a capturar com clareza o solo se rompendo até a superfície — um fenômeno conhecido como ruptura superficial.
O terremoto de magnitude 7,7 ocorreu em 28 de março, às 12h50 (horário local), sendo sentido até a Tailândia. A tragédia resultou na morte de quase 5.500 pessoas.
A gravação foi publicada no Facebook pelo engenheiro cingapuriano Htin Aung e mostra o momento exato em que a terra começa a se mover no parque solar Thapyawa, da empresa GP Energy Myanmar, nas proximidades da cidade de Thazi.
Nas imagens, um portão de concreto e metal começa a tremer e se mover com a vibração inicial. Cerca de 14 segundos depois, uma rachadura se abre na entrada e no quintal em frente ao portão, com o solo literalmente se abrindo diante da câmera.
“É realmente perturbador”, afirmou à Live Science John Vidale, sismólogo da Universidade do Sul da Califórnia. Segundo ele, não há registros anteriores de um vídeo mostrando esse tipo de ruptura em tempo real.
O geofísico Rick Aster, da Universidade Estadual do Colorado, concorda. “Até onde sei, este é o melhor registro visual que temos de uma ruptura superficial provocada por um grande terremoto”, declarou à Live Science.
Sobre o fenômeno
O terremoto ocorreu na Falha de Sagaing, uma linha de fratura entre as placas tectônicas de Birmânia e Sunda. Essa falha transformante — semelhante à famosa Falha de San Andreas, na Califórnia — atravessa Mianmar de norte a sul, com as placas deslizando lateralmente uma contra a outra.
O epicentro do tremor localizou-se ao norte da área registrada no vídeo, próximo à cidade de Mandalay. A ruptura da falha se propagou em ambas as direções, provocando fissuras visíveis ao longo da superfície terrestre.
“A parte da crosta que se desloca vai da superfície até cerca de 20 ou 30 quilômetros de profundidade”, explicou Aster ao portal. Em profundidades maiores, o material rochoso se comporta de maneira mais maleável, deformando-se em vez de se romper.
Vidale esclareceu que o tremor visível no início do vídeo é causado pelas ondas sísmicas propagadas pela falha, repercute a Live Science. Em seguida, ocorre a ruptura principal. Embora sismólogos já consigam medir esses eventos com precisão por meio de estações sísmicas equipadas com GPS e por investigações em campo, a dinâmica detalhada desses movimentos ainda é pouco compreendida.
Segundo Aster, esse vídeo poderá contribuir significativamente para os estudos sobre o comportamento de rupturas superficiais. “Não tenho dúvidas de que sismólogos vão analisá-lo cuidadosamente. Pode, inclusive, resultar em publicações científicas, caso a localização e outros dados sejam confirmados”, concluiu.


