Manto Tupinambá repatriado terá cerimônia ancestral no Museu Nacional

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O Ministério dos Povos Indígenas (MPI) confirmou que nos dias 29, 30 e 31 de agosto será realizada uma cerimônia de celebração da chegada do manto tupinambá ao Museu Nacional, no Rio de Janeiro. Essa preciosa relíquia, que havia sido levada à Europa no século 17, foi repatriada para o Brasil no início de julho, mas gerou certo desconforto entre os indígenas tupinambás por não poderem recebê-la com seus rituais sagrados.
A cerimônia anunciada tem como objetivo mitigar essa insatisfação dando ao grupo o devido direito de realizar os rituais nas dependências dos museu. Num primeiro momento, acontecerá uma cerimônia de reza que contará apenas com a presença de lideranças indígenas e pajés que realizarão as ações de recepção e proteção do manto durante todo um dia. A cerimônia terá lugar na sala de exibição, na Biblioteca Central, localizada no Horto Botânico. Somente a partir do dia 31, o manto será exposto ao público.
O evento foi viabilizado através de negociações entre lideranças indígenas e o Grupo de Trabalho (GT) de Restituição de Artefatos Indígenas, criado em 2023, no âmbito do MPI, que vem negociando junto a museus internacionais a recuperação de peças importantes da história dos povos indígenas do país.
O manto tupinambá é considerado uma entidade sagrada pelos indígenas e possui cerca de 1,20 metro de altura por 80 centímetros de largura. Ele foi confeccionado principalmente com penas de guarás, mas também inclui plumas de papagaios, araras-azuis e amarelas. A peça foi doada pelo Museu Nacional da Dinamarca, que possui outras quatro peças semelhantes desde 1689.
É importante ressaltar que, apesar de existirem outros 11 mantos espalhados pelo mundo, essa é a primeira vez que o manto tupinambá fará parte do acervo de um museu brasileiro. Sua chegada representa um marco histórico na preservação e valorização dos direitos dos povos indígenas, assim como na luta dos tupinambás para provar que resistem e pretendem seguir reafirmando sua identidade ancestral.
A presença do manto no Museu Nacional, com acesso ao público e o reconhecimento de que os tupinambá necessitavam realizar a cerimônia de recepção de seu artefato ancestral, é um lembrete de que a luta dos povos indígenas continua enfrentando desafios e barreiras em busca de seus direitos e reconhecimento, entre eles os relativos a demarcação de terras.
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