Países do BRICS avançam na busca de alternativa ao dólar

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As negociações em torno de um sistema próprio de pagamento entre os países do BRICS, que busca eliminar a dependência do dólar nas transações, estão progredindo de maneira significativa. Essa iniciativa, destacada no comunicado final dos ministros de Finanças e presidentes dos Bancos Centrais do bloco, visa fortalecer a interoperabilidade dos sistemas de pagamentos dos países membros.
Os países do BRICS estão avançando no reconhecimento de formas para estimular transações em moedas locais, o que pode reduzir significativamente os custos das operações. Embora o comunicado não detalhe os progressos específicos, ele ressalta que as discussões continuarão no segundo semestre de 2025, antes que a Índia assuma a presidência do BRICS em 1º de janeiro de 2026.
"Seguindo a instrução de nossos líderes na Declaração de Kazan [na Rússia] para continuar a discussão sobre a Iniciativa de Pagamentos Transfronteiriços do BRICS, reconhecemos o progresso alcançado pela Força-Tarefa de Pagamentos do BRICS na identificação de possíveis caminhos para apoiar a continuação das discussões sobre um maior potencial de interoperabilidade dos sistemas de pagamentos do BRICS", destacou o comunicado.
Embora o documento não forneça detalhes específicos sobre os avanços, ele menciona esforços como o relatório "Sistema de Pagamentos Transfronteiriços do BRICS", elaborado pelo Banco Central do Brasil. Este relatório lista as preferências dos países do bloco para facilitar "pagamentos transfronteiriços rápidos, de baixo custo, mais acessíveis, eficientes, transparentes e seguros".
Um sistema alternativo de pagamentos entre os países do BRICS tem o potencial de "sustentar maiores fluxos de comércio e investimento", segundo o comunicado. Esse sistema poderia oferecer uma alternativa mais viável e econômica para as transações internacionais, reduzindo a dependência do dólar americano.
Além das negociações sobre o sistema de pagamento, os ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais do BRICS anunciaram a revisão do Acordo de Reservas Contingentes (ARC) para incluir novas moedas. Criado em 2014, o ARC é um mecanismo de ajuda financeira mútua em caso de dificuldades no balanço de pagamentos.
Após a revisão do acordo, as novas regras serão discutidas internamente pelos países do BRICS. Uma reunião no segundo semestre, ainda sem data definida, discutirá a adesão dos novos membros do BRICS ao ARC. "Aguardamos ansiosamente essas alterações como base para discussões que visam aumentar a flexibilidade e a eficácia do mecanismo do ARC, notadamente por meio da incorporação de moedas de pagamento elegíveis e da melhoria da gestão de riscos", destacou o comunicado.
TRANSFORMAÇÃO ECOLÓGICA E AGENDA CLIMÁTICA
Em relação à transformação ecológica, o comunicado final informou que os países do BRICS começaram a discutir uma linha de garantia multilateral. Estas garantias, que são ativos utilizados para cobrir eventuais inadimplências, reduzem o risco das operações e melhoram a qualidade de crédito dos países do Sul Global.
O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), conhecido como Banco dos BRICS, será responsável por desenvolver a futura linha de garantia, sem a necessidade de os países aportarem capitais adicionais à instituição financeira. Uma iniciativa piloto será elaborada em 2025 para relatar o progresso na Reunião de Cúpula do BRICS de 2026, na Índia.
No que diz respeito à agenda climática, o comunicado final destacou que os países do BRICS acreditam que um financiamento "previsível, equitativo, acessível e economicamente viável é indispensável para transições justas". Com a ajuda do capital privado, será possível enfrentar o aquecimento global. "Apelamos às instituições financeiras internacionais para que ampliem o apoio à adaptação [climática] e ajudem a criar um ambiente propício que incentive uma maior participação do setor privado nos esforços de mitigação [do aquecimento global]", afirmaram os ministros de finanças e presidentes de Bancos Centrais do BRICS.
O BRICS é um bloco que reúne representantes de 11 países membros permanentes: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia. Além disso, países parceiros como Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Tailândia, Cuba, Uganda, Malásia, Nigéria, Vietnã e Uzbequistão também participam das discussões.
Sob a presidência do Brasil, a 17ª Reunião de Cúpula do BRICS ocorre no Rio de Janeiro nos dias 6 e 7 de julho de 2025. Os 11 países do BRICS representam 39% da economia mundial, 48,5% da população do planeta e 23% do comércio global. Em 2024, os países do BRICS receberam 36% de tudo que foi exportado pelo Brasil, enquanto compramos desses países 34% do total do que importamos.
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