Cientistas descobrem novos vírus em morcegos na China

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Pesquisadores na China identificaram 20 vírus nunca antes vistos em morcegos que vivem próximos a áreas habitadas por humanos. Entre eles, dois apresentam forte semelhança com os perigosos vírus Nipah e Hendra, conhecidos por causar inflamação cerebral e doenças respiratórias graves em humanos. As descobertas foram publicadas na revista científica PLOS Pathogens.
O estudo foi conduzido por uma equipe liderada por Yun Feng, do Instituto de Controle e Prevenção de Doenças Endêmicas de Yunnan, e contou com a colaboração do virologista Edward Holmes, da Universidade de Sydney, na Austrália. A pesquisa envolveu a análise dos rins de 142 morcegos, pertencentes a 10 espécies diferentes, coletados na província de Yunnan — uma região caracterizada pela convivência próxima entre comunidades humanas e fauna silvestre.
Diferente da maioria dos estudos anteriores, que focaram em amostras de fezes, os cientistas decidiram investigar os rins dos morcegos para identificar quais vírus poderiam ser excretados pela urina — uma rota comprovada de transmissão viral para humanos. "Morcegos urinando em tigelas de coleta de tamareiras foram a forma como o vírus Nipah se espalhou pela primeira vez para os humanos", explicou Holmes ao Live Science.
Segundo o 'Live Science', o sequenciamento genético revelou um total de 22 vírus, dos quais 20 eram completamente desconhecidos pela ciência, além de um novo parasita protozoário e dois tipos de bactérias, sendo uma delas inédita.
Risco de contágio?
Apesar das semelhanças genéticas com os henipavírus (grupo que inclui Nipah e Hendra), os novos vírus ainda não foram encontrados em humanos. "Em teoria, eles poderiam representar uma ameaça, mas como não há casos humanos, não há motivo para preocupação", disse Holmes.
Mesmo assim, os especialistas alertam para o risco potencial que surge da proximidade crescente entre seres humanos e animais selvagens. Os morcegos analisados no estudo viviam próximos a pomares e vilarejos — locais onde a contaminação de frutas ou a transmissão indireta para o gado podem criar pontes para que esses patógenos atinjam humanos.
Lições
O estudo reforça a importância da vigilância ativa em regiões onde a interface entre humanos e animais selvagens está cada vez mais porosa. Para Holmes, a chave para evitar futuras pandemias é monitorar não apenas os animais, mas também as populações humanas potencialmente expostas a esses riscos.
"As pandemias sempre refletem como os humanos perturbam os ambientes naturais", concluiu Holmes. "Precisamos de uma vigilância melhor e mais estratégica — antes que um desses vírus encontre uma maneira de atravessar a barreira das espécies".


