Estudo revela como Marte perdeu praticamente toda sua água

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Hoje, muitas pesquisas giram em torno de Marte, um dos nossos "vizinhos" do Sistema Solar que, surpreendentemente, vem chamando cada vez mais atenção com estudos que sugerem que o planeta já possuiu água e até mesmo seria capaz de abrigar vida. E um estudo recente revelou o motivo pelo qual, hoje, Marte seja árido e sem vida, explicando finalmente como a água desapareceu de sua superfície.
Vale mencionar que pesquisas anteriores já revelaram que Marte abrigou água e até formas de vida simples há bilhões de anos. Porém, com o desaparecimento da água, a vida foi impossibilitada.
Segundo o novo estudo, publicado na Science Advances, o que aconteceu no planeta vermelho foi uma pulverização catódica, há bilhões de anos, quando a atividade do Sol era "muito mais forte". Nesse processo, ocorre o choque entre partículas elétricas e a atmosfera, que teria lançado ao espaço vários átomos da atmosfera de Marte — em um processo parecido com a erosão.
"É como soltar uma bola de canhão em uma piscina", explica Shannon Curry, pesquisadora principal da Maven — uma das missões dedicadas a explorar Marte — no Laboratório de Física Atmosférica e Espacial da Universidade do Colorado, e principal autora do estudo, em comunicado. "A bala de canhão, nesse caso, são os íons pesados que se chocam com a atmosfera muito rapidamente e espalham átomos e moléculas neutras".
Experimentos
Embora os cientistas já tivessem evidências de que o processo de pulverização catódica estava acontecendo, eles nunca tinham observado o fenômeno diretamente. O que tinham como evidência era um caso de pulverização catódica que veio da observação de isótipos de argônio de diferentes pesos na atmosfera superior do planeta vermelho.
"É como se tivéssemos encontrado as cinzas de uma fogueira. Mas queríamos ver o fogo — nesse caso, a pulverização catódica — diretamente", explica Curry. "Os isótopos mais leves ficam mais para cima na atmosfera do que seus equivalentes mais pesados. E havia muito menos isótopos de argônio mais leves do que mais pesados na atmosfera marciana. Ou seja, esses isótopos mais leves só podiam estar sendo removidos por pulverização catódica".
Mas mais recentemente, para observar o fenômeno de maneira mais objetiva, a equipe conseguiu realizar medições simultâneas "no lugar certo e na hora certa" utilizando um analisador de íons do vento solar, um magnetômetro e um espectrômetro de massa de gás neutro e íons, a bordo da espaçonave Maven.
"Além disso, a equipe precisava de medições no lado diurno e noturno do planeta em baixas altitudes, o que leva anos para ser observado", informa o comunicado. "A combinação dos dados desses instrumentos permitiu que os cientistas fizessem um novo tipo de mapa do argônio pulverizado em relação ao vento solar".
Finalmente, o mapa desenvolvido revelou a presença de argônio em grandes altitudes, nos pontos exatos em que as partículas energéticas se chocaram contra a atmosfera, espalhando esses átomos. Com isso, os pesquisadores tiveram uma demonstração em tempo real do processo de pulverização catódica.
Além disso, o que os cientistas também descobriram é que o processo está acontecendo quatro vezes mais intensamente do que o previsto anteriormente, e que isso aumenta durante as tempestades solares. Com isso, agora finalmente há uma explicação para como a água desapareceu da superfície de Marte.


