Estudo revela como os primeiros americanos chegaram à América do Sul

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Um novo estudo genético revelou que os primeiros humanos a cruzarem da Ásia para as Américas enfrentaram três grandes divisões populacionais antes de se estabelecerem nos confins da Patagônia, há cerca de 14.500 anos.
A pesquisa, publicada nesta quinta-feira, 15, na revista Science, analisou 1.537 genomas de 139 grupos étnicos para reconstruir com precisão a mais longa migração humana já documentada desde a saída do Homo sapiens da África.
Liderado por uma equipe internacional de cientistas, o trabalho usou dados do consórcio GenomeAsia 100K para rastrear as origens genéticas de povos indígenas das Américas.
O professor Hie Lim Kim, da Universidade Tecnológica de Nanyang, em Singapura, explica que uma das descobertas mais marcantes foi a baixa diversidade genética desses grupos. Isso se deve tanto ao isolamento geográfico quanto às perdas sofridas após a chegada dos colonizadores europeus.
A pesquisa identificou três momentos críticos de separação populacional: o primeiro, entre 26.800 e 19.300 anos atrás, durante o Último Máximo Glacial, quando os ancestrais dos nativos americanos se diferenciaram dos povos da Eurásia do Norte.
O segundo, entre 17.500 e 14.600 anos atrás, marcou a divisão entre populações da América do Norte e da Mesoamérica. Já o terceiro, há cerca de 13.900 anos, deu origem a quatro linhagens sul-americanas distintas: amazônicos, andinos, patagônicos e povos ancestrais do Chaco.
Preocupações
Segundo o 'Live Science', os pesquisadores também destacaram uma preocupação de saúde pública: a perda significativa de diversidade nos genes HLA (antígenos leucocitários humanos), fundamentais para a defesa imunológica.
Em comparação com populações do Sudeste Asiático, por exemplo, os povos indígenas sul-americanos apresentam uma diversidade muito menor nesses genes, o que pode tê-los tornado mais suscetíveis a doenças trazidas pelos colonizadores", alertou Kim.
Além de lançar luz sobre as origens dos povos americanos, o estudo aponta para a urgência de incluir essas populações em pesquisas médicas e genéticas. "A maioria dos medicamentos foi desenvolvida com base em genomas europeus. Para oferecer tratamentos eficazes e seguros, precisamos de estratégias de saúde personalizadas para populações indígenas", concluiu Kim.


