NASA sugere possibilidade de vida extraterrestre em Ceres
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Pesquisas recentes conduzidas pela NASA sugerem que Ceres, o planeta anão mais próximo da Terra, pode ter possuído uma antiga fonte de energia capaz de fomentar a evolução de formas de vida extraterrestres em seu oceano subterrâneo.
Ceres se destaca como o maior corpo do cinturão de asteroides do sistema solar, situado entre as órbitas de Marte e Júpiter. Com aproximadamente 950 quilômetros de diâmetro, cerca de um quarto do tamanho da Lua, esse pequeno mundo não é classificado como um planeta, mas sim como um “planeta anão”, similar a Plutão, que perdeu seu status planetário em 2006.
Atualmente, existem cinco planetas anões reconhecidos oficialmente em nossa vizinhança cósmica, com outros aguardando validação pela União Astronômica Internacional e diversas descobertas previstas para as próximas décadas. No entanto, Ceres é o único que se encontra no interior do sistema solar; os demais, como Haumea, Makemake e Éris, estão localizados muito além da órbita de Netuno.
Conhecimento
Nos últimos anos, o conhecimento sobre Ceres aumentou consideravelmente devido à missão Dawn da NASA, que explorou o planeta anão entre 2014 e 2018. Uma das descobertas mais fascinantes dessa missão é a possibilidade de que Ceres seja um “mundo aquático”: vestígios de água e minerais salinos encontrados em sua superfície gelada indicam a existência de um grande reservatório de salmoura localizado a quilômetros abaixo da crosta. Estudos adicionais sugerem que esse oceano subterrâneo poderia conter carbono orgânico, um elemento essencial para a vida na Terra.
Até então, acreditava-se que as condições em Ceres eram desfavoráveis à vida devido à falta de uma fonte energética capaz de desencadear processos biológicos. Contudo, um novo estudo publicado na revista Science Advances contradiz essa visão.
A equipe de pesquisadores desenvolveu modelos computacionais com base nos dados coletados pela missão Dawn para simular as alterações no núcleo rochoso do planeta anão ao longo do tempo. Os resultados sugerem que o interior de Ceres pode ter emitido quantidades significativas de calor, levantando a hipótese de que micróbios alienígenas poderiam ter surgido em seu oceano oculto.
Samuel Courville, autor principal do estudo e cientista planetário da Universidade Estadual do Arizona, afirmou em comunicado da NASA que essas descobertas têm “grandes implicações” para a busca por vida em outras partes do sistema solar.
Evidências
Os pesquisadores acreditam que o núcleo de Ceres gerava calor por meio da decomposição gradual de isótopos radioativos, processo que pode ter ocorrido entre 500 milhões e 2 bilhões de anos após a formação do planeta anão, que se deu pouco tempo depois da formação do sistema solar há cerca de 4,6 bilhões de anos. No pico desse aquecimento, o núcleo poderia ter alcançado temperaturas próximas a 280ºC.
Embora não seja a primeira vez que se sugere a presença de um núcleo radioativo em Ceres, esta pesquisa apresenta as evidências mais robustas até agora sobre sua capacidade de gerar calor suficiente para sustentar formas de vida.
Além de elevar a temperatura do oceano subsuperficial a níveis habitáveis, o calor gerado poderia ter impulsionado jatos de água quente e rica em minerais através do fundo oceânico. Esse fenômeno é semelhante aos sistemas hidrotermais encontrados nas profundezas dos oceanos terrestres, onde comunidades microbianas diversificadas prosperam.
Courville compara: “Na Terra, quando água quente proveniente das profundezas se mistura com o oceano, o resultado frequentemente é um banquete para micróbios – uma abundância de energia química”.
Segundo o ‘Live Science’, astrobiologistas têm proposto que sistemas semelhantes podem existir em outros mundos aquáticos do sistema solar, como nas luas Enceladus e Titã, em Saturno, e Europa e Ganimedes, em Júpiter.
No entanto, como o núcleo radioativo de Ceres cessou suas atividades há cerca de 2,5 bilhões de anos, qualquer forma de vida alienígena teria provavelmente desaparecido devido ao frio extremo do ambiente atual, tornando quase impossível encontrar vida ativa no planeta anão hoje.


