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Novo estudo revela mais sobre tecnologia de construção da Idade do Ferro
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Novo estudo revela mais sobre tecnologia de construção da Idade do Ferro

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Aventuras Na História
23/07/2025 17h20
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16567212/original/open-uri20250723-36-1mhzt7p?1753291505
©Divulgação/Antiquity/A. Orsingher et al.
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Uma equipe de arqueólogos que atua no sítio fenício de Tell el-Burak, localizado no Líbano, fez uma descoberta notável que ilumina a tecnologia de construção da Idade do Ferro. Em um artigo publicado na revista Scientific Reports, os pesquisadores relatam o primeiro uso conhecido de gesso hidráulico na região, alcançado por meio da reciclagem de fragmentos cerâmicos.

Tell el-Burak, situado próximo à costa sul do Líbano, foi um dos primeiros assentamentos agrícolas ocupados entre 725 e 350 a.C. No local, foram identificadas instalações significativas, como uma grande prensa de vinho, considerada a mais antiga do país, além de bacias e pisos revestidos que faziam parte de um complexo agrícola maior. Embora esses edifícios tivessem funções variadas, todos apresentavam uma característica em comum: eram cobertos por um gesso distinto, diferente das misturas tradicionais de cal utilizadas na antiguidade.

Para determinar a composição e a finalidade desse gesso inovador, os pesquisadores realizaram uma análise abrangente do material, utilizando técnicas como microscopia de luz polarizada, difração de raios X, espectroscopia eletrônica de varredura com espectroscopia de energia dispersiva (SEM-EDS) e análise termogravimétrica. Essas metodologias confirmaram que o gesso continha cal e areia localmente disponível, além de uma quantidade significativa de fragmentos cerâmicos triturados.

A presença do material cerâmico não foi acidental. A análise microscópica revelou que o ligante de cal e os fragmentos cerâmicos reagiram para formar bordas reativas distintas. Essas reações químicas indicam que as cerâmicas foram adicionadas intencionalmente para aprimorar as propriedades do gesso.

O resultado foi uma argamassa que endurecia na presença de água — uma característica fundamental do gesso hidráulico. Esse tipo de argamassa seria particularmente útil em uma prensa de vinho, onde estaria constantemente exposta à umidade e poderia erodir materiais mais frágeis.

Área da prensa de vinho / Crédito: Divulgação/Scientific Reports/S. Amicone et al.
Bacia rebocada no local / Crédito: Divulgação/Scientific Reports/S. Amicone et al.
Fotografia tirada no local da pesquisa / Crédito: Divulgação/Scientific Reports/S. Amicone et al.

Tradição artesanal

Essa descoberta é relevante, pois demonstra que a construção na região sul fenícia havia desenvolvido uma forma de argamassa hidráulica vários séculos antes da aceitação tradicional do uso de materiais pozzolânicos pelos romanos, como as cinzas vulcânicas. O gesso encontrado em Tell el-Burak não foi derivado de componentes vulcânicos ou aditivos orgânicos; em vez disso, sua resistência à água foi obtida através da utilização de cerâmica quebrada, um material disponível localmente.

O gesso foi encontrado em diversas áreas do sítio, indicando que essa técnica não era um experimento isolado, mas parte de uma tradição artesanal mais ampla. A utilização consistente desse material em várias instalações evidencia que os construtores possuíam um entendimento avançado sobre como modificar gessos à base de cal para atender a diferentes funções, desde a extração de suco na prensa até o revestimento de bacias e pisos.

Esse estudo desafia explicações tradicionais sobre o desenvolvimento tecnológico na construção antiga, especialmente aquelas que se concentram na inovação romana. Em vez disso, ressalta a engenhosidade das culturas anteriores, como os fenícios, que reutilizaram materiais disponíveis e desenvolveram técnicas eficazes anos antes dessas inovações serem amplamente reconhecidas.

A descoberta em Tell el-Burak contribui para a compreensão da engenharia antiga e sugere que a expertise em argamassa hidráulica era mais difundida — e desenvolvida mais cedo — do que se pensava anteriormente.

Além disso, esta pesquisa abre portas para investigações adicionais sobre materiais de construção antigos. Por meio da análise de outros sítios ao longo da costa fenícia, arqueólogos podem encontrar aplicações semelhantes da reciclagem cerâmica e compreender melhor as redes tecnológicas regionais.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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