'Ammonite': Astrônomos descobrem novo planeta anão além de Plutão

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Astrônomos japoneses anunciaram a descoberta de um possível novo planeta anão orbitando nas regiões mais distantes do Sistema Solar, além de Plutão. O objeto, identificado como 2023 KQ14 e apelidado de Ammonite, foi observado pela primeira vez em março de 2023 com o auxílio do Telescópio Subaru, no Havaí, e teve seus detalhes publicados na revista Nature Astronomy.
A descoberta coloca em xeque a chamada hipótese do Planeta Nove, teoria que propõe a existência de um planeta massivo ainda não detectado no sistema solar exterior.
Ammonite é classificado como um sednoide, uma rara categoria de objetos com órbitas extremamente distantes e excêntricas além de Netuno. É apenas o quarto sednoide identificado até hoje, ao lado de corpos como Sedna, descoberto em 2004. A órbita de Ammonite varia entre 66 e 252 unidades astronômicas (UA) do Sol, sendo que 1 UA equivale à distância entre a Terra e o Sol.
O nome "Ammonite" faz referência ao fóssil de um cefalópode extinto, e homenageia o projeto japonês que identificou o objeto: "Formação do Sistema Solar Exterior: Um Legado Gelado" — ou simplesmente FÓSSIL.
O que torna Ammonite particularmente relevante para a astronomia é o fato de que sua órbita está orientada no lado oposto das órbitas dos demais sednoides conhecidos. Esse detalhe pode minar um dos principais argumentos da hipótese do Planeta Nove, que afirmava que a presença de um planeta gigante estaria alinhando gravitacionalmente esses corpos menores em uma mesma direção no espaço.
"A órbita de 2023 KQ14 não se alinha com a dos outros sednoides, o que reduz a probabilidade da existência do Planeta Nove", explicou Yukun Huang, coautor do estudo e pesquisador do Observatório Astronômico Nacional do Japão.
Debate
Outros especialistas que não participaram da pesquisa também destacam o impacto da descoberta. "Amonite não se alinha com os outros objetos, o que enfraquece a hipótese, ou sugere que, se o Planeta Nove existe, está tão distante que ainda não conseguimos detectá-lo", afirmou Christopher Impey, professor de astronomia da Universidade do Arizona. Já David Jewitt, da Universidade da Califórnia, comentou que as evidências do alinhamento nunca foram totalmente convincentes.
Segundo o 'Live Science', apesar do ceticismo crescente, a busca pelo suposto nono planeta não terminou. Astrônomos depositam esperanças no Observatório Vera C. Rubin, no Chile, cuja capacidade de mapeamento do céu pode ser decisiva.
"Se o Planeta Nove existir, é quase certo que será encontrado nos dados dessa pesquisa dentro de alguns anos", disse Impey. Enquanto isso, a descoberta de Ammonite continua a expandir os limites do que conhecemos sobre o Sistema Solar e a desafiar nossas teorias sobre sua estrutura.



