Jane Austen: a curiosa vida da autora de Orgulho e Preconceito

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A lápide de Jane Austen, localizada na Catedral de Winchester, Inglaterra, não faz menção à sua carreira literária, destacando apenas características de sua personalidade, como a benevolência e a inteligência.
O epitáfio foi escrito por seu irmão, James, e reflete como Austen viveu grande parte da vida de forma reservada. Moradora da zona rural de Hampshire, ela conviveu principalmente com a família, em um ambiente doméstico distante dos círculos literários da época.
Fama e Anonimato
Em vida, Austen publicou quatro romances: Razão e Sensibilidade (1811), Orgulho e Preconceito (1813), Mansfield Park (1814) e Emma (1815). Nenhum deles trouxe seu nome na capa; foram lançados sob a autoria de “A Lady” ou sem indicação explícita, prática comum para mulheres escritoras no início do século 19. O anonimato protegia a autora do julgamento social que recaía sobre mulheres que se expunham publicamente como profissionais.

Austen era uma escritora dedicada, interessada não apenas no aspecto artístico, mas também no sucesso comercial de seus livros. Registros mostram que ela cuidava de questões financeiras, acompanhando atentamente a venda dos exemplares e os lucros obtidos com cada obra. Em documentos manuscritos, a autora anotava valores recebidos e despesas relacionadas às publicações.
Apesar do esforço para manter a privacidade, Austen se importava com a opinião de pessoas próximas. Seu irmão Charles opinou que Orgulho e Preconceito poderia ter mais humor.
Sua sobrinha, Fanny Knight, afirmou “não suportar Emma”, embora considerasse o personagem Sr. Knightley encantador. Esses comentários foram preservados em compilações de críticas feitas pela família.

Registros
Grande parte do que se conhece sobre Austen vem das cartas que trocava com a irmã Cassandra, com quem mantinha uma relação muito próxima. Jane escrevia sobre assuntos do cotidiano, opiniões sobre conhecidos, política, moda e literatura, com toques de humor e ironia característicos de seus romances.
Estima-se que Austen tenha escrito aproximadamente 3.000 cartas, mas a maioria foi destruída por Cassandra após a morte da irmã, em 1817. Apenas cerca de 160 a 200 cartas sobreviveram, formando o principal registro pessoal da autora.
Uma exposição em Nova York sobre a autora revela alguns de seus valiosos pertences. Entre os objetos pessoais mais conhecidos de Austen está um anel de ouro com turquesa, que décadas depois foi comprado pela cantora Kelly Clarkson.
A peça chegou a ser alvo de disputa quando o governo britânico impediu sua exportação, considerando-a patrimônio cultural do país.
A escrivaninha de Austen também chama a atenção: pequena, com tampo de madeira de 12 lados, ela permitia à autora se dedicar à escrita em um espaço modesto. Ali, Austen produziu todos os seus seis romances, incluindo A Abadia de Northanger e Persuasão, estes publicados apenas após sua morte.
Na juventude, Austen e a família participavam de peças teatrais amadoras em casa, atividade que alimentou seu interesse por diálogos ágeis e sátira social — características marcantes de seus livros. Apesar de não buscar notoriedade, a autora lia, revisava e reescrevia constantemente seus textos, mostrando cuidado literário e profissionalismo.
Mesmo com seu comportamento reservado, a obra de Austenganhou popularidade após sua morte, principalmente a partir da segunda metade do século 19. Seus romances passaram a ser reconhecidos como retratos sofisticados das relações sociais e do comportamento humano na Inglaterra georgiana.
Hoje, Austen é considerada uma das maiores escritoras da literatura inglesa, com leitores em todo o mundo e adaptações constantes de seus livros para cinema, teatro e televisão.


