Entenda o que é analfabetismo funcional

Anamaria






Apesar dos avanços na educação brasileira nas últimas décadas, o analfabetismo funcional ainda é uma realidade que atinge 29% da população entre 15 e 64 anos. Essa taxa, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) 2024, permanece estagnada desde 2018. Ou seja, quase 1 a cada 3 brasileiros não consegue interpretar textos simples ou resolver problemas básicos de matemática no dia a dia.
Para piorar, os jovens também apresentaram uma leve piora. O percentual de analfabetos funcionais entre os que têm entre 15 e 29 anos passou de 14% para 16%. Esses dados ligam um alerta importante: frequentar a escola não garante, necessariamente, o aprendizado necessário para se virar bem no mundo real.
Analfabetismo funcional e a dificuldade de lidar com o mundo digital
O Inaf 2024 trouxe uma novidade: parte das perguntas foi aplicada por meio do celular. Essa mudança ajuda a entender como o nível de alfabetismo afeta a maneira como lidamos com as informações no ambiente digital. Afinal, hoje, quem não consegue compreender uma simples mensagem ou interpretar dados em um aplicativo acaba ficando para trás — tanto na vida pessoal quanto no mercado de trabalho.
O estudo mostra que, apesar de termos uma população mais escolarizada do que no passado, muitos ainda enfrentam dificuldades para aplicar esse conhecimento no cotidiano. Em outras palavras, a baixa proficiência em leitura e números limita o acesso pleno às oportunidades da vida moderna.
Mesmo com mais estudo, muitas pessoas seguem como analfabetas funcionais
Embora a escolaridade seja um fator importante, ela nem sempre se traduz em habilidades consolidadas. Segundo o Inaf, 17% das pessoas que chegaram ao ensino médio ainda são consideradas analfabetas funcionais. Além disso, só 24% dos que cursaram o ensino superior atingem o nível mais alto de proficiência.
Entre os adultos mais velhos, a situação é ainda mais preocupante. Metade dos brasileiros entre 50 e 64 anos tem dificuldades para lidar com textos e números. Por outro lado, jovens entre 15 e 29 anos apresentam os melhores resultados, o que mostra que as políticas educacionais das últimas décadas tiveram, sim, algum efeito positivo.
Analfabetismo funcional reflete desigualdade racial e social
A pesquisa também aponta para uma desigualdade importante. Pessoas que se autodeclaram pretas ou pardas aparecem com desempenho inferior quando comparadas às que se identificam como brancas. Apenas 31% dos pretos e pardos estão nos dois níveis mais altos de alfabetismo, contra 41% entre os brancos. A diferença, que já era grande em 2018, aumentou ainda mais.
Além disso, o levantamento mostra que o analfabetismo funcional está diretamente ligado à situação no mercado de trabalho. Quanto menor o nível de alfabetismo, menores são as chances de ter um emprego formal e bem remunerado.
Resumo:
Mesmo com avanços na escolarização, o analfabetismo funcional segue afetando quase um terço da população brasileira. O problema atinge principalmente adultos mais velhos, pessoas pretas e pardas e quem tem menos oportunidades de estudo de qualidade. Os dados mostram que apenas frequentar a escola não basta: é preciso garantir o desenvolvimento real de habilidades de leitura, escrita e matemática para todos.


