Carne do futuro: cientistas criam proteína vegana com farinha de girassol
Bons Fluidos
Pesquisadores brasileiros do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) e alemães do Instituto Fraunhofer IVV desenvolveram uma carne vegana com farinha de girassol. O alimento, rico em proteínas e minerais, de acordo com os cientistas, pode reduzir impactos ambientais e suprir a carência futura de nutrientes de origem animal.
“A produção de alimentos vegetais é geralmente mais eficiente no uso de recursos do que a produção de carne animal. Isso significa que é possível produzir mais calorias e nutrientes por hectare de terra, em comparação à proteína animal”, defendeu um das autoras, Maria Teresa Bertoldo, ao ‘g1’.
A descoberta da carne vegana
O alerta da Organização das Nações Unidas (ONU) de que, no futuro, não haverá proteína de carne disponível para todos motivou especialistas a analisarem possíveis alternativas. Assim, por muito presente na cozinha europeia e em expansão no Brasil, o girassol se tornou uma opção viável. O fato de a planta não sofrer modificação genética e apresentar um alto teor de proteínas também chamou a atenção dos profissionais.
Esse nutriente, no entanto, está concentrado nas sementes. Por isso, o estudo publicado na revista Science focou em obter a farinha de girassol, a partir da extração do óleo dos grãos. Mas, antes de chegar ao ingrediente, os pesquisadores retiraram as cascas e compostos orgânicos, que poderiam dificultar a digestibilidade.
O passo seguinte, então, foi testar duas formas de combiná-lo com outros elementos, como tomate em pó, gorduras saudáveis — óleo de oliva ou linhaça — e temperos. A primeira receita contou com uma mistura da farinha com grãos torrados. Já a segunda apostou apenas na proteína texturizada de girassol.
Posteriormente, a fim de descobrir qual opção melhor se adequava ao paladar, 82 voluntários experimentaram as fórmulas feitas em formato de mini-hambúrguer e assadas. Eles avaliaram desde aparência e aroma até textura e sabor. Também foram realizadas avaliações físico-químicas para investigar o potencial do alimento à saúde.
Benefícios do substituto
Dessa forma, os pesquisadores, que receberam o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), constaram que a proteína do girassol texturizada se destacou entre os consumidores por ter maior crocância. Além disso, os de mais testes evidenciaram a forte presença de minerais, proteínas, aminoácidos e gorduras benéficas.
De acordo com a pesquisa, a ingestão diária recomendada garante a absorção de ferro, zinco, magnésio e manganês. Os cientista afirmam, portanto, que a nova carne vegana com farinha de girassol pode ser uma opção capaz de suprir a necessidade de nutrientes, sem recorrer aos alimentos de origem de animal. Para isso, seus próximos passos são: aprimorar ainda mais a textura e buscar parcerias para colocar a proteína no mercado.
