Clinomania: saiba mais sobre o desejo excessivo de permanecer na cama
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Ficar na cama por horas pode parecer apenas um sinal de preguiça ou cansaço acumulado. No entanto, quando essa vontade se torna irresistível – mesmo após uma boa noite de sono -, pode indicar clinomania, também conhecida como clinofilia. Trata-se de uma condição marcada pelo desejo compulsivo de permanecer deitado, mesmo sem necessidade física.
O que é a clinomania
O termo vem do grego klíne (cama) e manía (obsessão), e descreve o impulso intenso de ficar na cama, dormindo ou acordado, como se o corpo e a mente rejeitassem a ideia de se levantar. Embora não seja oficialmente reconhecida como um transtorno psiquiátrico, é um comportamento frequentemente associado a ansiedade, depressão e síndrome da fadiga crônica. Pessoas com clinomania relatam sono excessivo e sensação constante de exaustão, mesmo dormindo 12 horas ou mais por dia. O repouso, nesse caso, não traz descanso, apenas alívio momentâneo.
Quando o descanso vira um problema
Dormir demais parece inofensivo, mas o excesso de horas na cama afeta diretamente o corpo e a mente. De acordo com a Sleep Foundation, longos períodos de inatividade podem enfraquecer músculos e ossos, prejudicar o sistema imunológico e, paradoxalmente, piorar a qualidade do sono. Na esfera emocional, o isolamento em si mesmo cria um ciclo de tristeza, culpa e apatia. Para quem sofre de depressão, a cama deixa de ser um lugar de descanso e se torna um refúgio difícil de abandonar.
Sinais de alerta
Segundo especialistas do portal Psychologs, alguns sintomas podem indicar clinomania:
- Desejo excessivo de permanecer deitado, mesmo sem sono;
- Alterações de humor e cansaço constante;
- Falta de interesse em sair ou interagir;
- Negligência com a higiene pessoal;
- Sentimentos de culpa, vazio ou tristeza profunda.
Vale lembrar que, embora a pessoa passe muito tempo na cama, o tempo real de sono pode não aumentar, o que agrava o quadro de fadiga.
Possíveis causas
As causas exatas da clinomania ainda são desconhecidas, mas os pesquisadores acreditam que ela esteja ligada a desequilíbrios químicos no cérebro e transtornos emocionais subjacentes, como ansiedade generalizada, depressão e fadiga crônica.
O diagnóstico é clínico e deve ser feito por um psicólogo ou psiquiatra, que avaliará o histórico emocional e físico do paciente. Como não há um exame específico, o especialista costuma descartar outras condições com sintomas semelhantes, como distúrbios do sono ou doenças metabólicas.
Tratamento e cuidados
O tratamento da clinomania depende da causa e pode incluir psicoterapia, especialmente a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajuda a modificar pensamentos e comportamentos disfuncionais. Em casos mais complexos, o médico pode indicar antidepressivos, acupuntura e práticas de relaxamento. Além do acompanhamento profissional, algumas medidas simples podem ajudar:
- Crie uma rotina de sono: durma e acorde nos mesmos horários, mesmo nos fins de semana;
- Evite usar a cama para outras atividades, como comer ou trabalhar;
- Desconecte-se das telas ao menos uma hora antes de dormir;
- Pratique atividades físicas leves, que reduzem o estresse e melhoram o humor;
- Busque apoio social: conversar com familiares e amigos é parte essencial da recuperação.
A vontade de permanecer na cama, quando se torna frequente, pode não ser sinal de preguiça, mas um possível pedido de ajuda do corpo e da mente. Procurar acompanhamento psicológico é o primeiro passo para sair desse ciclo e recuperar a energia – não apenas física, mas emocional.
