Dormir mal diminui as chances de engravidar? Descubra o que diz a ciência
Bons Fluidos

O sono é essencial para o equilíbrio do corpo, mas seus impactos vão muito além da disposição no dia seguinte. Uma pesquisa recente publicada no portal Fertility and Sterility apontou que dormir mal pode afetar diretamente a fertilidade. Em mulheres, distúrbios do sono estão associados a menor capacidade reprodutiva e a piores resultados em tratamentos como a fertilização in vitro (FIV). O motivo estaria relacionado ao impacto nos eixos hormonais, na inflamação e no estresse oxidativo.
Nos homens, os efeitos seguem o mesmo padrão: tanto a privação quanto o excesso de sono comprometem a contagem, a motilidade e a qualidade dos espermatozoides. O ideal, segundo os estudos, é manter entre 7 e 8 horas de sono por noite.
Ritmo biológico e saúde reprodutiva
O relógio biológico também tem papel decisivo. Trabalhos noturnos ou em turnos rotativos aumentam o risco de irregularidades menstruais, dores intensas durante o ciclo e até menopausa precoce. A melatonina, hormônio do sono, participa de processos fundamentais, como a ovulação e a qualidade dos óvulos. Alterações crônicas nos níveis dessa substância podem comprometer a fertilidade.
Outro ponto de atenção é a relação entre síndrome dos ovários policísticos (SOP) e apneia obstrutiva do sono (AOS). Mulheres com SOP apresentam maior prevalência da apneia, condição que pode reduzir a resposta ovariana e afetar os resultados da FIV. Por isso, diretrizes internacionais recomendam investigar sinais de AOS nesses casos.
Hábitos de sono que favorecem a fertilidade
Para casais que buscam engravidar, a higiene do sono pode ser uma grande aliada. Algumas medidas simples incluem:
- Manter horário regular: deitar e levantar em horários semelhantes, inclusive nos fins de semana;
- Exposição adequada à luz: priorizar luz natural pela manhã e evitar telas à noite;
- Preparar o ambiente: quarto escuro, silencioso e fresco (18–22 °C), com colchão e travesseiro confortáveis;
- Cuidar dos estimulantes: evitar cafeína após o meio-dia e não consumir álcool próximo à hora de dormir;
- Atividade física bem programada: treinos intensos devem ser feitos até 3–4 horas antes de dormir;
- Rituais de relaxamento: banho morno, respiração profunda ou meditação ajudam a induzir o sono.
Quando buscar ajuda especializada
Antes de iniciar um tratamento de reprodução assistida, ou após 6 a 12 meses de tentativas sem sucesso, recomenda-se avaliação médica caso haja:
- Insônia crônica (pelo menos três vezes por semana por três meses ou mais);
- Sonolência diurna intensa ou despertares frequentes;
- Sinais de apneia do sono (ronco alto, pausas respiratórias, cansaço ao acordar, dores de cabeça matinais);
- Trabalho noturno ou por turnos com ciclos menstruais irregulares.
O tratamento de distúrbios como a insônia (com terapia cognitivo-comportamental) e a apneia (CPAP, perda de peso e higiene do sono) pode melhorar marcadores metabólicos e aumentar a eficácia da FIV. Mais do que descanso, o sono adequado é um dos pilares da saúde reprodutiva. Ajustar hábitos noturnos e tratar distúrbios pode aumentar as chances de uma gravidez espontânea e potencializar os resultados da medicina reprodutiva.
