Gripe K: conheça os sintomas da variante que acendeu alerta da OMS
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) chamou a atenção das autoridades sanitárias para a próxima temporada de gripe, prevista para se intensificar entre o fim de 2025 e o início de 2026. O motivo é a disseminação acelerada de uma nova ramificação genética do vírus influenza A (H3N2), tecnicamente identificada como subclado K (J.2.4.1) – chamada de gripe K.
A variante começou a ganhar espaço a partir de agosto deste ano e passou a ser monitorada de perto por sua rápida circulação em diferentes regiões do planeta. Até o momento, porém, a OMS afirma que não há evidências de que essa versão do vírus provoque quadros mais graves do que os já conhecidos.
A preocupação aumenta porque o avanço do vírus coincide com o início do inverno no Hemisfério Norte, período tradicionalmente marcado por maior circulação de doenças respiratórias. Em alguns países da Europa, inclusive, a temporada de gripe começou antes do esperado, com predominância do influenza A(H3N2) em atendimentos ambulatoriais e hospitalares.
Por que o termo “gripe K” viralizou?
Apesar do nome popular, a chamada gripe K não representa um vírus novo. O influenza é conhecido por sofrer mutações frequentes, o que faz parte de seu processo natural de evolução. Essas mudanças exigem vigilância constante para avaliar possíveis impactos na transmissão e na eficácia das vacinas.
Segundo a OMS, esse monitoramento realiza-se por uma rede internacional que reúne dados clínicos, laboratoriais e genéticos de mais de 130 países, permitindo identificar padrões de expansão e antecipar riscos. Em documento recente, a entidade destacou que “alguns países relataram inícios precoces da temporada de influenza. Em outros países, a atividade da influenza está começando a aumentar, mas ainda não atingiu o limiar epidêmico”.
O que é a gripe K, afinal?
O vírus influenza divide-se em quatro tipos: A, B, C e D. Os tipos A e B são responsáveis pelas epidemias sazonais. O influenza A, por sua vez, é classificado em subtipos de acordo com duas proteínas presentes em sua superfície: H (hemaglutinina) e N (neuraminidase).
Atualmente, os subtipos mais comuns em circulação são o H1N1 e o H3N2. A gripe K corresponde a um subclado do H3N2, chamado oficialmente de J.2.4.1, uma variação genética esperada em vírus desse tipo. A novidade é uma pequena mutação genética. Essa mudança faz com que o nosso sistema imune não reconheça o vírus como H3N2. Apesar disso, trata-se de uma mudança comum.
Segundo a OMS e a Opas, não há indicação de que a variante K provoque quadros mais severos do que outras cepas em circulação. Ainda assim, surtos dominados pelo subtipo H3N2 costumam afetar com mais intensidade idosos, gestantes, imunossuprimidos e pessoas com doenças crônicas.
Quais são os sintomas da gripe K?
Até o momento, não identificaram-se manifestações clínicas específicas associadas exclusivamente à variante K. Os sintomas seguem os padrões de uma gripe comum, incluindo: febre, dor de garganta, tosse, dor no corpo, mal-estar, secreção nasal e fadiga. Em crianças, a febre tende a ser mais elevada, podendo haver linfonodos inchados no pescoço e sintomas respiratórios mais intensos. Já em idosos, a febre pode ser menos evidente, o que dificulta o diagnóstico precoce.
Vacina protege contra a gripe K?
Mesmo com as mutações, a vacinação segue sendo a principal ferramenta de prevenção. A OMS destaca que, embora a proteção contra a infecção possa ser menor em alguns casos, a vacina reduz significativamente o risco de hospitalização e morte. No Brasil, a Anvisa já definiu que a vacina contra influenza de 2026 incluirá o subtipo A(H3N2). No SUS, a imunização é priorizada para crianças pequenas, idosos, gestantes, profissionais da saúde, pessoas com doenças crônicas e outros grupos vulneráveis.
Outros cuidados importantes
Além da vacina, medidas simples seguem essenciais: higienizar as mãos com frequência, manter etiqueta respiratória, evitar contato próximo durante sintomas gripais e buscar atendimento médico ao sinal de agravamento. Para o tratamento, o antiviral oseltamivir continua sendo eficaz contra a variante. A mensagem das autoridades de saúde é clara: a gripe sazonal é previsível, monitorável e, em grande parte, evitável quando há vigilância ativa e adesão à vacinação.
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