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Mas afinal, o que é a sensação de déjà vu, segundo a ciência?
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Mas afinal, o que é a sensação de déjà vu, segundo a ciência?

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Bons Fluidos
03/11/2025 18h04
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Quem nunca teve a sensação de já ter vivido uma cena antes, como se o tempo se repetisse por um instante? Esse fenômeno, conhecido como déjà vu (expressão francesa para “já visto”), continua a intrigar cientistas e curiosos. Mais do que um simples lapso da memória, ele é uma combinação rara de percepção e autoconhecimento – um choque entre o que parece familiar e o que sabemos ser novo.

Estudos indicam que até dois terços das pessoas já experimentaram o déjà vu ao menos uma vez. A neurociência vem tentando compreender o que, de fato, acontece no cérebro durante esses breves momentos de confusão entre o real e o ilusório.

Quando o cérebro “brinca” com a memória

De acordo com o psicólogo Akira O’Connor, da Universidade de St. Andrews, o déjà vu ocorre quando o cérebro sente que algo é familiar, mesmo sabendo que não deveria ser. “É esse contraste – sentir que reconhece algo e, ao mesmo tempo, saber que não reconhece – que torna o déjà vu tão fascinante”, explica o pesquisador à Psychology Today.

Ou seja: o fenômeno não é uma lembrança verdadeira, mas uma falha momentânea no sistema de reconhecimento do cérebro. É como se as engrenagens da memória girassem fora de sincronia, gerando uma ilusão de lembrança.

As causas possíveis: fadiga, dopamina e percepção

Os cientistas acreditam que o déjà vu pode estar relacionado à fadiga mental, ao estresse e ao funcionamento dos neurotransmissores – especialmente a dopamina, substância ligada à motivação, recompensa e sensação de prazer. Quando o cérebro está cansado, ele pode “embaralhar” os sinais entre o novo e o conhecido, ativando uma falsa sensação de familiaridade.

Há também hipóteses mais neurológicas: alguns pesquisadores acreditam que o fenômeno ocorre quando um dos hemisférios cerebrais processa uma informação milissegundos antes do outro, criando um “eco” perceptivo que se traduz na impressão de repetição.

Como o cérebro reconhece o falso familiar

O’Connor explica que o déjà vu envolve duas áreas principais do cérebro. “Há uma parte do cérebro no lobo temporal medial, perto dos ossos das maçãs do rosto e das orelhas, que ajuda a formar memórias e proporciona a sensação de recordação”, diz ele.

Essa região, ligada à memória e às emoções, pode ativar uma resposta de reconhecimento mesmo sem motivo. Em seguida, o sinal é encaminhado ao córtex frontal, responsável pelo raciocínio, pela tomada de decisões e pela checagem de informações. “O córtex frontal atua como um verificador de fatos, avaliando se aquela lembrança realmente aconteceu”, acrescenta o pesquisador. Quando o cérebro percebe que o evento não é real, o ciclo do déjà vu se completa e a sensação de estranheza se dissipa.

O papel da idade e das experiências

A frequência do déjà vu muda ao longo da vida. Segundo O’Connor, ele costuma aparecer pela primeira vez na infância, torna-se mais comum na juventude e tende a diminuir após os 25 anos. Jovens adultos experimentam mais essa sensação porque suas regiões frontais, responsáveis por comparar e validar memórias, são mais ativas. Com o passar dos anos, essa capacidade de “verificação” se torna mais lenta, o que pode explicar por que pessoas mais velhas relatam menos episódios.

Embora pareça uma falha, o déjà vu pode indicar que o cérebro está funcionando bem. “As pessoas costumam se preocupar com o déjà vu, pensando que é uma falha de memória”, afirma O’Connor. “Mas, na maioria dos casos, é na verdade um sinal de que seu cérebro e sua mente estão funcionando bem e mantendo seus sistemas de memória sob controle.”

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