O melhor ainda está por vir? Abraçando nossos “anos dourados” na era da inovação

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Pela Dra. Eva Ritvo* para o Beverly Hills Courier
A expressão "Anos Dourados" surgiu no final da década de 1950 como uma campanha publicitária para uma comunidade de aposentados e ganhou grande popularidade. Ela evocava um período de lazer e a oportunidade de desfrutar as recompensas de uma vida inteira de trabalho. No mundo em rápida transformação de hoje, o verdadeiro potencial dos nossos últimos anos está se expandindo e, para muitos, o melhor ainda está por vir.
Nossa cultura, obcecada com a juventude, frequentemente desconsidera o valor e a vitalidade do envelhecimento e isso é um erro. A ciência e a tecnologia continuam a melhorar não apenas nossa expectativa de vida, mas também nosso "período de saúde", os anos de nossas vidas livres de doenças crônicas ou incapacidades que afetam nossa qualidade de vida. Agora, nossos "anos dourados" podem se estender além do descanso e do relaxamento e se tornar os mais preciosos.
Na década de 1950, a expectativa de vida média nos Estados Unidos era de aproximadamente 65 anos. Hoje, com uma expectativa de vida média em torno de 80 anos, somos presenteados com a possibilidade de muitos "anos dourados" adicionais. Com a idade média de aposentadoria em torno dos 66 anos, muitos de nós teremos décadas para explorar outros interesses. Esse prolongamento nos convida a encarar o envelhecimento como uma oportunidade e uma chance de nos reinventarmos e abraçarmos as possibilidades que vêm com mais tempo, mais liberdade e, muitas vezes, mais dinheiro. David Bowie proclamou com otimismo: "Envelhecer é um processo extraordinário em que você se torna a pessoa que deveria ter sido".
Há muitos exemplos de pessoas brilhando no que chamo de "último terço", com idades entre 60 e 90 anos. Minha tia Mikki adorava dizer: "Meus anos de maior rendimento foram os 80". A velocista Stephanie Singer, de 78 anos, acabou de terminar a meia maratona feminina da Nike e já completou 17 maratonas desde que completou 60 anos. Ira Glick, de 88 anos, joga basquete em quadra inteira quatro vezes por semana. Quando o filho de Eli Levy perguntou se ele ia desacelerar sua prática de psicologia em tempo integral agora que completou 80 anos, Eli respondeu: "Não, pelo contrário, preciso acelerar. Tenho muito o que fazer". E, nesta semana, a atriz Kathy Bates, de 77 anos, fez história no Emmy ao se tornar a indicada mais velha na categoria de atriz principal em um drama.
Avanços em medicina, nutrição e escolhas de estilo de vida podem desempenhar um papel crucial em como vivenciamos nossos últimos anos. Pesquisas recentes publicadas na revista Nature (2024) revelam que aqueles que praticam exercícios aeróbicos regularmente e seguem uma dieta mediterrânea podem estender o comprimento de seus telômeros celulares. Esses telômeros são as capas protetoras dos cromossomos e estão ligados ao envelhecimento. O comprimento dos nossos telômeros pode, na verdade, ser um melhor indicador de saúde e longevidade do que a nossa data de nascimento.
O cenário do envelhecimento está sendo revolucionado por inovações tecnológicas. Dispositivos de monitoramento de saúde habilitados por IA agora rastreiam sinais vitais, detectam riscos precoces e ajudam a gerenciar condições crônicas, prevendo possíveis problemas com notável precisão. Ferramentas digitais, como aplicativos de treinamento cerebral e programas de realidade virtual, ajudam a manter a função cognitiva, retardando o declínio e mantendo nossos cérebros afiados. Robôs sociais, como o ElliQ e o PARO, proporcionam companheirismo, reduzindo a solidão e melhorando o bem-estar emocional. Enquanto isso, avanços na genômica permitem planos de prevenção personalizados com base nos riscos genéticos individuais, abrindo novos horizontes para cuidados de saúde personalizados.
Com mais tempo para o autocuidado, estudos mostram que cerca de 40% a 50% das pessoas com mais de 60 anos praticam atividade física regularmente. Cerca de 20% a 25% praticam atividades de fortalecimento muscular, que se mostraram cruciais para combater o declínio relacionado à idade. As taxas de tabagismo, consumo de álcool e drogas diminuem à medida que envelhecemos, reduzindo os riscos à saúde.
O crescimento psicológico e emocional geralmente floresce com a idade. De acordo com um estudo do Pew Research Center de 2023, 80% dos americanos com 65 anos ou mais relatam sentir-se mais calmos e confiantes emocionalmente do que antes. Os altos e baixos hormonais diminuem com a idade, muitas vezes levando a mais paz e tranquilidade.
Muitos idosos relatam um renovado senso de propósito. Uma pesquisa da AARP (American Association of Retired Persons, ou Associação Americana de Pessoas Aposentadas, em tradução livre) de 2022 observou que 75% dos aposentados se sentiram mais engajados e realizados ao abraçar atividades que antes haviam sido deixadas de lado. Com anos de experiência, aceitar mudanças se torna mais fácil. Abrir mão do controle, perdoar os outros e confiar no próprio julgamento nutrem uma perspectiva pacífica. Uma maior flexibilidade mental nos permite enxergar soluções a partir de múltiplas perspectivas e o pensamento independente nos capacita a seguir nossas paixões sem influências indevidas.
Idosos frequentemente relatam que as pessoas estão mais gentis e dispostas a ajudar, um reflexo do respeito social e da riqueza de relacionamentos amadurecidos. Esse sistema de apoio, combinado com uma capacidade aprimorada de avaliar riscos e priorizar o autocuidado, cria uma base para viver com alegria e propósito.
Por fim, a espiritualidade aumenta e frequentemente se torna um mecanismo vital de enfrentamento à medida que envelhecemos. Podemos passar de uma fase mais materialista da vida, quando adquirimos e construímos, para uma fase mais reflexiva, em que buscamos uma compreensão mais profunda de nossas vidas e do papel que desempenhamos no universo.
Certamente, os desafios abundam à medida que envelhecemos e você deve se lembrar da famosa frase de Mae West: "Envelhecer não é para fracos". No entanto, à medida que nossa sabedoria e recursos se multiplicam, podemos demonstrar equanimidade e resiliência que talvez nos tenham escapado durante a juventude, diante de desafios crescentes. Ter enfrentado perdas e doenças à medida que envelhecemos também pode aprofundar nossa apreciação pela vida.
Ao olharmos para um futuro em que a longevidade esteja aliada a uma vitalidade aumentada, lembremo-nos de que cada dia é uma dádiva que nos oferece a oportunidade de crescer e viver a nossa vida ao máximo. Se nos esforçarmos para manter a nossa saúde ideal ao longo dos anos, poderemos continuar a desfrutar dos nossos melhores anos.
“Jovens bonitos são acidentes da natureza, mas velhos bonitos são obras de arte.”
Eleanor Roosevelt
* A Dra. Eva Ritvo, colunista do Beverly Hills Courier, é psiquiatra com mais de 30 anos de experiência em Miami Beach. Ela é autora de "Bekindr - O Poder Transformador da Gentileza" e fundadora da Iniciativa Global Bekindr, um movimento para levar mais gentileza ao mundo. É coautora de "A Receita da Beleza" e "O Guia Conciso para Terapia Conjugal e Familiar". É também cofundadora do Bold Beauty Project, uma organização sem fins lucrativos que conecta mulheres com deficiência a fotógrafos premiados na criação de exposições de arte para conscientizar sobre a importância da inclusão. A Dra. Ritvo é formada em medicina pela UCLA e possui residência em psiquiatria pela Weill Cornell Medicine.
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