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Antigo osso de preguiça encontrado no Uruguai sugere presença humana há 33.000 anos
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Antigo osso de preguiça encontrado no Uruguai sugere presença humana há 33.000 anos

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Aventuras Na História
07/07/2025 15h03
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https://timnews.com.br/system/images/photos/16556625/original/open-uri20250707-36-135f3wz?1751900705
©Divulgação/Swiss Journal of Palaeontology/RA Fariña
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Recentemente, pesquisadores descobriram em Arroyo del Vizcaíno, no sul do Uruguai, um antigo osso do calcanhar de uma preguiça-gigante (da espécie Lestodon armatus) de 33.000 anos com uma profunda reentrância, que pode ter resultado de um ferimento feito por arma de fabricação humana. Com isso, vê-se uma possível evidência de interação humana com a megafauna, sugerindo presença humana na América do Sul antes do que se pensava.

O fóssil provém de um leito ósseo intensamente denso, onde foram encontrados mais de 2.000 vestígios da megafauna. O osso em específico, CAV 45, apresenta uma depressão circular cônica, com cerca de 21 milímetros de diâmetro e quase 42 milímetros de profundidade, com bordas de entrada lisas e fraturas concoidais — indicando uma penetração forçada.

Através de tomografia computadorizada e moldagem em silicone, os pesquisadores foram capazes de mapear a estrutura da ferida, e uma inspeção microscópica ainda mostrou finas estrias paralelas dentro da cavidade, revelando que o objeto perfurante também girou e se deslocou lateralmente, durante a inserção.

Outros testes de resíduos de fibras orgânicas também revelaram que continuam alojados na perfuração materiais vegetais, o que sugere não apenas trauma, mas também a possível transferência de resíduos da fabricação de ferramentas ao animal, como madeira.

Para determinar se o ferimento foi causado pela ação humana ou outros meios naturais, os pesquisadores consideraram causas alternativas, como mordidas de carnívoros, erosão e até impactos acidentais. O estudo foi publicado no Swiss Journal of Palaeontology.

Como os carnívoros da antiga megafauna da região, como tigres-dente-de-sabre e ursos-gigantes, deixam marcas de dentes bastante específicas, foi possível constatar que nenhum destes animais foi responsável pela perfuração circular. Já impactos acidentais em rochas ou pisoteamento teria causado fraturas irregulares, e não um buraco limpo e cônico como o observado.

Dessa forma, considerando o formato da reentrância, os pesquisadores sugerem que a ponta do objeto perfurante deve ter sido arredondada, não afiada, podendo assim ser uma haste de madeira endurecida com uma ponta de osso, marfim ou alguma madeira mais dura, que seria cravada com força e rotação suficiente para perfurar o osso.

Além disso, devido ao ângulo de penetração, de cerca de 60º com relação ao solo, também se encaixa em um possível cenário de caça a curta distância. Por isso, embora ainda não possa afirmar com certeza, uma ação de estocada seria compatível, sugerindo presença humana no atual Uruguai há 33.000 anos.

Humanos na América do Sul

Apesar da evidência sugerir que os humanos caçavam membros da megafauna na América do Sul muito antes do Último Máximo Glacial (que foi entre cerca de 26.500 e 19.000 anos atrás), isso vai de contramão às primeiras evidências sólidas da interação entre humanos e megafauna por aqui.

Hoje, tem-se como consenso a chegada dos primeiros humanos na América do Sul por volta de 23.000 anos, e agora a nova descoberta coloca a chegada humana por aqui como um evento que possivelmente ocorreu muito antes do que se pensava, conforme repercute o Archaeology News.

Ainda assim, a nova hipótese ainda é provisória, e novos estudos continuam necessários para compreender melhor as marcas deixadas nos ossos da preguiça, além de em outros fragmentos líticos e espécimes, antes de se confirmar uma nova data para a chegada dos humanos nas Américas.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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