Azerbaijão: Pesquisadores descobrem estatueta mesolítica de 8.400 anos

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Uma pequena estatueta de arenito, com apenas 51 milímetros de comprimento, acaba de reescrever parte da história do sul do Cáucaso. Encontrada na Caverna Damjili, no oeste do Azerbaijão, a peça foi datada entre 6400 e 6100 a.C., no limiar do início do Neolítico, e é agora a mais antiga representação humana tridimensional da região.
O achado, feito durante escavações entre 2016 e 2023 por uma equipe conjunta de arqueólogos azerbaijanos e japoneses, surpreendeu a comunidade científica. Diferente das tradicionais figuras neolíticas femininas associadas à fertilidade, a estatueta de Damjili apresenta formas abstratas, erguidas e andróginas. Seus traços são sutis: linhas paralelas que podem sugerir cabelo ou touca ritualística, um possível cinto e marcas que lembram vestimentas estilizadas.
Segundo o Dr. Yagub Mammadov, chefe da Expedição Arqueológica Internacional Damjili, "estatuetas humanas semelhantes ainda não foram encontradas em assentamentos mesolíticos na bacia do rio Kura ou em toda a região do Cáucaso". A peça foi descoberta pela pesquisadora Ulviyya Safarova e, posteriormente, estudada no Japão com técnicas avançadas, como fluorescência de raios X e microscopia eletrônica de varredura, que confirmaram seu processo artesanal deliberado com ferramentas de pedra.

Segundo o 'Archaeology News', apesar da coloração avermelhada provocada por óxidos de ferro, nenhum vestígio de tinta foi encontrado. Ainda assim, pesquisadores acreditam que a estatueta pode ter sido usada em rituais simbólicos envolvendo pigmentos.
Detalhes
O estudo publicado na revista Archaeological Research in Asia aponta que o artefato é uma evidência crucial para a "hipótese da encenação" — a ideia de que a transição para o estilo de vida neolítico, com agricultura e cerâmica, foi gradual e não uma mudança repentina vinda do Crescente Fértil. A diferença entre esta obra mesolítica e as figuras neolíticas tradicionais sugere não apenas uma ruptura artística, mas também uma transformação ideológica nas antigas sociedades.
Até agora, as expressões artísticas do Mesolítico na região eram conhecidas principalmente pelas gravuras rupestres de Gobustan. A raridade de arte portátil dessa época faz da estatueta de Damjili uma peça fundamental para entender como os povos pré-históricos do Cáucaso concebiam o corpo humano e o simbolismo em suas culturas.


