Brasileiro relata terror em prisão israelense após missão humanitária em Gaza

Aventuras Na História






O ativista brasileiro Thiago Ávila, de 38 anos, afirmou ter vivido um “inferno na Terra” durante os dias em que esteve preso em Israel, após participar de uma missão humanitária com destino à Faixa de Gaza.
Integrante da Coalizão da Flotilha da Liberdade — movimento internacional de solidariedade aos palestinos —, Ávila e outros dez ativistas foram detidos no dia 8 de junho, após a embarcação ser interceptada por forças israelenses nas águas do Mediterrâneo.
Segundo Ávila, a embarcação foi vigiada por drones por cinco dias antes da interceptação. Em entrevista ao portal UOL, ele descreveu o episódio como uma operação psicológica:
Eles mandavam os drones em cima da gente. Podia ser só vigilância, mas também servia para causar terror. Um mês antes, drones atacaram outro barco nosso com bombas.”
Prisão
No momento da abordagem, Israel enviou lanchas e barcos militares, cercando a embarcação. “Eram drones com luzes, áudio e até elementos químicos. Chegaram a interceptar nossa comunicação e o sistema de navegação. Acabamos nos guiando pelas estrelas”, relatou. Os ativistas, incluindo Greta Thunberg, foram levados até o porto de Ashdod, em Israel.
Já em solo israelense, o grupo foi coagido a assinar documentos alegando entrada ilegal no país, o que resultaria em deportação. “Fomos sequestrados numa missão humanitária. Nunca quisemos ir a Israel, e sim à Palestina”, afirmou o brasileiro.
Quatro ativistas, entre eles Greta Thunberg, aceitaram a deportação com o objetivo de denunciar internacionalmente o que aconteceu. Os demais permaneceram detidos.
Thiago relatou ao UOL que os homens foram colocados em celas solitárias e as mulheres, em uma cela compartilhada. Enquanto os presos recebiam comida, a água disponível era insalubre. Ele entrou em greve de fome e sede.
Após dois dias, o brasileiro foi transferido para uma unidade prisional em confinamento solitário. “Não havia apenas insetos. Ratos, baratas, sem luz do sol. Eu estava na última cela, ouvindo gritos e sons de agressão o tempo todo”, disse. A decisão da transferência teria sido tomada após uma juíza considerar a greve de fome como delito.
Durante o cárcere, escreveu uma carta à filha de 1 ano e 5 meses: “Eu queria que, independente do que acontecesse, ela soubesse que eu não esqueci dela — que estávamos fazendo isso também por outras crianças, como ela.”
Thiago retornou ao Brasil na última sexta-feira, 13, após embarcar em um voo de Madri. Apesar do trauma, afirmou já estar planejando uma nova missão: “As crianças continuam morrendo de fome em Gaza. A próxima deve ter mais de um barco, mais gente. Precisamos aumentar a pressão até que não seja mais possível manter esse cerco.”


