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Estudo diz que rede subterrânea de fungos da Terra precisa de proteção
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Estudo diz que rede subterrânea de fungos da Terra precisa de proteção

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Aventuras Na História
23/07/2025 16h22
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©Getty Images
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Um novo estudo realizado pela Sociedade para a Proteção das Redes Subterrâneas (Spun) revela que apenas 9,5% dos hotspots de biodiversidade fúngica estão localizados dentro de áreas protegidas. Essa descoberta sublinha a necessidade urgente de ações de conservação voltadas para as redes subterrâneas de fungos, que desempenham um papel fundamental na manutenção dos ecossistemas do planeta.

Publicada na revista Nature, a pesquisa destaca que 90% dos ecossistemas ricos em fungos micorrízicos estão em áreas não protegidas. A degradação desses ecossistemas pode resultar em sérias consequências, como a diminuição da capacidade de absorção de carbono, redução da produtividade agrícola e perda da resiliência dos ecossistemas frente a eventos climáticos extremos.

Segundo Dr. Toby Kiers, diretor executivo da Spun, os fungos micorrízicos são frequentemente negligenciados, apesar de seu papel vital na sustentação da vida terrestre. "Eles são responsáveis pela ciclagem de nutrientes, armazenamento de carbono, suporte à saúde das plantas e formação do solo. A interrupção dessas redes essenciais prejudica a regeneração florestal, afeta a produção agrícola e compromete a biodiversidade acima do solo", afirmou Kiers.

Esses fungos estão associados às raízes das plantas e são cruciais para a regulação do clima e dos ecossistemas terrestres. Eles fornecem nutrientes indispensáveis às plantas e são responsáveis por sequestrar mais de 13 bilhões de toneladas de dióxido de carbono anualmente, o que representa cerca de um terço das emissões globais provenientes de combustíveis fósseis.

A iniciativa da Spun foi lançada em 2021 em parceria com organizações como GlobalFungi e Fungi Foundation, além de pesquisadores internacionais, com o objetivo de mapear as redes subestimadas de fungos micorrízicos. Utilizando técnicas de aprendizado de máquina em um conjunto de dados que abrange mais de 2,8 bilhões de amostras fúngicas provenientes de 130 países, os cientistas conseguiram prever a diversidade micorrízica em uma escala global.

Os resultados apontam para grandes lacunas na conservação, com apenas 9,5% dos hotspots fúngicos dentro das áreas protegidas. A costa da Gana foi identificada como um hotspot global para fungos; no entanto, com a erosão costeira ocorrendo a uma taxa alarmante de 2 metros por ano, os pesquisadores expressam preocupação sobre a perda dessa biodiversidade essencial.

Importância

O autor principal do estudo, Dr. Michael Van Nuland, enfatiza que esta pesquisa representa uma aplicação científica abrangente da iniciativa global de mapeamento. "Esses mapas são mais do que ferramentas científicas; eles podem orientar o futuro da conservação. Ignorar esses simbioses fúngicos poderia representar uma grande oportunidade perdida", alertou Nuland.

Ele também destacou que os fungos reagem negativamente aos estressores humanos e que não abordar essa possível perda pode comprometer nossa capacidade de desenvolver novas soluções naturais para as mudanças climáticas. O uso da terra é um fator significativo na degradação dos fungos micorrízicos; Kiers expressou frustração pela falta de ações direcionadas à sua conservação: "Esses fungos são necessários para a produtividade agrícola e saúde humana".

Os ecossistemas fúngicos permanecem amplamente invisíveis nas legislações e políticas atuais. César Rodríguez-Garavito, professor de direito e diretor do programa More-Than-Human Life (Moth) na NYU School of Law, ressalta que "esses dados são incrivelmente importantes para fortalecer as leis e políticas sobre mudanças climáticas e perda de biodiversidade nas ecossistemas subterrâneos".

Os achados estão disponíveis através da ferramenta interativa do atlas subterrâneo da Spun, destinada a grupos conservacionistas, pesquisadores e formuladores de políticas para identificar hotspots que requerem intervenção.

A equipe internacional da Spun conta com mais de 400 cientistas e 96 exploradores subterrâneos oriundos de 79 países e está realizando coletas em alguns dos ecossistemas subterrâneos mais remotos e difíceis de acessar ao redor do mundo.

Segundo o 'The Guardian', a Spun busca novos colaboradores e financiamento para expandir seus mapas fúngicos micorrízicos, que atualmente cobrem apenas 0,001% da superfície terrestre. A ampliação desses mapas poderia orientar os tomadores de decisão sobre como utilizar melhor os sistemas micorrízicos.

A preservação e proteção dos fungos micorrízicos pode contribuir significativamente para enfrentar alguns dos maiores desafios globais - como a queda da biodiversidade, as mudanças climáticas e a redução da produtividade alimentar - segundo Dr. Rebecca Shaw, cientista-chefe do World Wide Fund for Nature (WWF), que acrescenta que isso traz benefícios diretos para as populações humanas.

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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