Exposição no Reino Unido revela história de pergaminhos de coroação

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Do pergaminho costurado à mão em 1308 ao papel caligrafado e digitalizado de 2023, a tradição dos rolos de coroação britânicos atravessa sete séculos — e agora pode ser vista pelo público pela primeira vez em uma exposição inédita no Arquivo Nacional do Reino Unido, em Kew.
O destaque vai para dois registros históricos extremos: o mais antigo rolo de coroação ainda existente, referente à ascensão de Eduardo II, e o mais recente, produzido para o rei Charles III.
Se o primeiro mede apenas 60 centímetros e é um documento formal, em latim, com nomes, promessas e funções cerimoniais, o segundo se impõe com impressionantes 21 metros de extensão e um estilo narrativo e artístico nunca antes visto.
A versão moderna, escrita pela calígrafa Stephanie von Werthern-Gill ao longo de 56 dias, contém 11.500 palavras em tinta de cobre sobre papel de alta qualidade — pela primeira vez, substituindo o tradicional pergaminho animal. A pedido do rei Charles, inclui descrições de flores e músicas presentes na cerimônia, além de ilustrações do artista Tim Noad, criador da cifra real.
Ambos os rolos contam uma história. O de Eduardo é puramente formal. O de Charles é também narrativo — e por isso tão longo”, explica ao The Guardian o Dr. Sean Cunningham, chefe de registros medievais do Arquivo Nacional.
Ele nota, por exemplo, que o rolo medieval ignora a rainha Isabella, mas registra a presença de Piers Gaveston, suposto amante do rei. Já a rainha Camilla está claramente presente na versão de 2023.
Acervo
Além dos rolos, a exposição também reúne obras de arte contemporâneas encomendadas pelo governo britânico para marcar a coroação de Charles III, ampliando os registros oficiais com interpretações criativas do evento.
Entre os destaques está a pintura monumental The Mall, de Dale Lewis, que retrata a multidão em Londres com cores vibrantes em primeiro plano e tons de cinza ao fundo — uma homenagem à coroação chuvosa de Elizabeth II.
A artista Cornelia Parker explora definições de “rei” e “rainha” em um díptico bordado, criado com a ajuda de prisioneiros treinados em bordado fino. Já Hew Locke transformou a carruagem dourada do rei em um navio simbólico em sua colagem Bandeira, abordando o legado do Império Britânico e os 75 anos da chegada do navio Windrush.
As obras também incluem vistas aéreas em tinta feitas por Joy Gerrard, representando a multidão reunida no Mall, e uma série de desenhos de Leslie Thompson, artista neurodivergente de Manchester, que mescla referências da cultura pop à cerimônia.

Outros trabalhos fotográficos registram celebrações da coroação em comunidades de todo o Reino Unido, compondo um retrato amplo e multifacetado do evento.
Ao todo, apenas 18 rolos de coroação sobreviveram ao tempo — entre eles, os de Guilherme III e Maria II, Vitória e Elizabeth II — todos preservados no Arquivo Nacional. “São os registros públicos definitivos dessas cerimônias”, resume Cunningham.


