Governo da Alemanha homenageia autores de atentado contra Hitler

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No último domingo, 20, representantes do governo e das Forças Armadas alemãs se reuniram em uma cerimônia para marcar o 81º aniversário da tentativa de assassinato de Adolf Hitler, perpetrada por oficiais do exército durante a Segunda Guerra Mundial.
O evento principal ocorreu no memorial de Plötzensee, localizado em Berlim, próximo a uma prisão que foi cenário da execução de pelo menos 2.800 indivíduos, incluindo opositores políticos e membros da resistência, conforme repercute o UOL.
Matthias Brandt, ator e filho do ex-chanceler Willy Brandt, foi o orador principal da cerimônia. Willy Brandt havia escapado do regime nazista em 1933 e se exilou na Noruega antes de retornar à política no pós-guerra, onde se destacou como prefeito de Berlim Ocidental e líder do governo da Alemanha Ocidental entre 1969 e 1974.
Durante seu discurso, Matthias Brandt refletiu sobre o longo caminho necessário para que o papel dos opositores a Hitler fosse reconhecido após a guerra, ressaltando que muitos deles enfrentaram insultos de indivíduos que os viam como "traidores da pátria".
Ele afirmou: "No início do pós-guerra, os homens e mulheres da resistência mostraram que era possível agir de maneira diferente da maioria. Para muitos, lidar com a resistência também significava confrontar sua própria passividade diante da ditadura nazista".
Brandt ainda destacou a dificuldade de aceitar o passado, mencionando que muitos preferiam se ver como parte de um povo enganado. Ele também fez uma conexão com os desafios contemporâneos, alertando sobre a persistência das ideologias prejudiciais: "Atualmente, observamos como o veneno do ódio, racismo e exclusão ainda permeia a sociedade, manifestando-se em comportamentos violentos e na reapropriação de símbolos da propaganda nazista".

Operação Valquíria
A tentativa de assassinato ocorreu em 20 de julho de 1944, quando o coronel Claus Schenk von Stauffenberg e outros conspiradores plantaram uma bomba no quartel-general conhecido como "Toca do Lobo", na antiga Prússia Oriental, agora território polonês. A bomba não teve o efeito desejado; Hitler sobreviveu com ferimentos leves. O mesmo dia viu falhar uma tentativa de golpe que ficou conhecida como "Operação Valquíria", resultando na execução subsequente do coronel e de centenas de envolvidos na resistência.
A ministra da Justiça, Stefanie Hubig, também participou da cerimônia e enfatizou a responsabilidade coletiva da Alemanha em evitar que horrores semelhantes aos do passado se repitam. "Devemos nos comprometer a defender o estado de direito e a democracia contra qualquer forma de destruição", declarou ela.
Wolfram Weimer, ministro da Cultura, elogiou os conspiradores do 20 de julho, mas ressaltou que a resistência deve ser reconhecida em um contexto mais amplo. "As famílias desses indivíduos também demonstraram coragem inigualável; muitas pagaram um alto preço por seus atos", destacou.
O prefeito de Berlim, Kai Wegner, enfatizou a bravura daqueles que se opuseram ao regime nazista sob risco iminente de morte ou prisão. "Eles enfrentaram não apenas privação de direitos, mas também campos de concentração e punições coletivas", afirmou.
O legado do coronel Stauffenberg gera discussões ambivalentes na sociedade alemã contemporânea. Após a guerra, muitos ainda viam suas ações como traição. Com o tempo, sua figura começou a ser exaltada pelos governos da Alemanha Ocidental; no entanto, essa visão crítica evoluiu para questionamentos sobre suas motivações, levando alguns historiadores a considerá-lo um oportunista que só se voltou contra Hitler quando a derrota se tornou inevitável.
Wolfgang Benz salientou a importância de recordar o movimento mais amplo de resistência ao nazismo, não limitando as homenagens apenas aos militares envolvidos no atentado.



