Imagens de satélite registraram naufrágio de navio de guerra norte-coreano

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Na semana passada, o líder norte-coreano Kim Jong-un presenciou o naufrágio do mais novo destróier de 5.000 toneladas do país durante seu lançamento, em um vexame que expôs falhas técnicas e a pressão política por resultados rápidos. Especialistas afirmam que o método usado para colocar o navio na água — o lançamento lateral — contribuiu diretamente para o acidente.
Foi a primeira vez que analistas observaram a Coreia do Norte empregando essa técnica em navios de guerra, o que evidenciou a inexperiência da equipe e o ambiente de urgência imposto por Kim. Três funcionários do estaleiro, incluindo o engenheiro-chefe, além de um alto responsável pelo setor de armamentos, foram presos após o incidente, que Kim classificou como um ato criminoso, segundo a agência estatal KCNA.
De acordo com o New York Times, imagens de satélite datadas de três dias antes mostravam a embarcação de 143 metros, a maior da história naval de Pyongyang, sobre uma rampa de lançamento. A cerca de 40 metros do local, uma estrutura que parecia uma área de observação, provavelmente onde Kim acompanhava o evento, ainda se encontrava em construção.
O destróier foi construído em Chongjin, um porto no nordeste do país mais acostumado a produzir cargueiros e barcos de pesca. De acordo com o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede em Washington, o estaleiro "inegavelmente" carecia de experiência para construir e lançar embarcações de guerra de grande porte.
Destróier Choe Hyon
Analistas compararam o navio em questão ao destróier guiado Choe Hyon, o primeiro do tipo na Coreia do Norte e o mais poderoso já desenvolvido pelo regime. A embarcação é símbolo do ambicioso plano de Kim de modernizar a frota naval herdada da era soviética e foi destaque em uma cerimônia de batismo realizada no mês passado em Nampo, no litoral oeste, próximo a Pyongyang.
Na ocasião, imagens da mídia estatal mostraram um evento repleto de fogos de artifício, confetes e a presença de Kim e sua filha, Kim Ju-ae. Uma ampla plataforma de observação havia sido instalada perto do Choe Hyon, que já flutuava no mar.
Diferentemente do lançamento em Chongjin, a operação em Nampo foi bem-sucedida. Lá, os engenheiros seguiram um procedimento consagrado: construíram o navio sob um galpão, colocaram-no em um dique seco flutuante e o lançaram enchendo esse dique com água, conforme explicou Choi Il, capitão reformado da Marinha sul-coreana.
Já em Chongjin, sem acesso a um dique seco de grande porte ou uma rampa adequada para lançamento pela popa, o navio foi construído no cais sob uma cobertura de rede e, no fim, lançado lateralmente — uma manobra delicada mesmo em condições ideais.
Em lançamentos laterais bem-sucedidos, como o do destróier americano USS Cleveland em 2023, o navio mergulha brevemente na água com apoio de rebocadores. Mas no caso norte-coreano, o destróier perdeu o equilíbrio e tombou. Imagens de satélite feitas dois dias depois mostram a embarcação coberta com lona azul, inclinada para o lado direito, com a proa presa à rampa e a popa projetada sobre o porto. A plataforma de observação havia sido desmontada.
Segundo Choi, o capitão sul-coreano reformado, o equilíbrio exigido para esse tipo de lançamento é extremamente delicado. O peso das armas instaladas no destróier pode ter contribuído para o desastre.
Dias após o lançamento bem-sucedido do Choe Hyon, Kim assistiu com entusiasmo ao teste de diversos mísseis a partir do navio. Desde então, tem intensificado visitas a estaleiros para pressionar os engenheiros a acelerar a expansão da frota naval. Fontes sul-coreanas apontam que a equipe em Chongjin, com menos recursos que a de Nampo, deve ter sofrido enorme pressão após o sucesso anterior — o que pode ter levado a decisões apressadas e erros técnicos.
O regime afirmou que será possível restabelecer o equilíbrio da embarcação bombeando a água do mar e reparar os danos em cerca de dez dias. No entanto, para Yang Uk, especialista em assuntos militares norte-coreanos do Instituto Asan, em Seul, os danos parecem bem mais sérios. "O navio parece um pouco torcido após o acidente", afirmou. "Não aparenta ter sido construído com a resistência estrutural exigida para uma embarcação de guerra."


