Marcas de mordida revelam que aves gigantes eram potenciais presas de jacarés

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Marcas de mordidas fossilizadas indicam a possibilidade de um confronto dramático entre uma ave do terror gigantesca e um jacaré ainda maior, ocorrendo há aproximadamente 12 milhões de anos.
Os phorusrhacids, conhecidos popularmente como "aves do terror", eram predadores de topo que dominavam os ecossistemas antigos da América do Sul. Embora essas aves carnívoras, incapazes de voar, não enfrentassem grandes ameaças em terra, um novo estudo, publicado na terça-feira, 22, na revista Biology Letters, sugere que elas também não estavam completamente seguras nas proximidades da água.
Pesquisadores examinaram marcas dentárias em um osso da perna de uma das maiores aves de terror já encontradas — estimada em mais de 2,7 metros de altura — descoberta no sítio fossilífero de La Venta, na Colômbia. A equipe concluiu que as marcas provavelmente foram deixadas por um jacaré que media cerca de 4,7 metros.
"Aprendemos que os pássaros terror também podiam ser presas e que mesmo ser um predador de topo tem seus riscos", afirmou Andrés Link, autor principal do estudo e paleontólogo na Universidade dos Andes, na Colômbia, em entrevista ao Live Science.
O estudo não descarta a hipótese de que a ave tenha morrido próximo a um corpo d'água e foi posteriormente consumida pelo jacaré, sugerindo um caso mais relacionado à necrófagia do que à caça propriamente dita.
Os pesquisadores apresentaram pela primeira vez o fóssil da ave de terror em um estudo publicado no ano passado. Naquela ocasião, os autores suspeitaram que um crocodiliano teria matado a ave, embora não tivessem realizado uma análise detalhada das quatro marcas dentárias encontradas no osso.
Análise de marcas
No novo estudo, a equipe avaliou as marcas de mordida por meio da criação de imagens 3D detalhadas do fóssil. As marcas no osso não apresentavam sinais de cicatrização, e o tamanho e a forma das marcas estavam em conformidade com aquelas deixadas por um jacaré com comprimento estimado entre 4,6 e 4,8 metros.
A equipe levantou a hipótese de que a espécie mais antiga do jacaré encontrada em La Venta, o Purussaurus neivensis, poderia ser a responsável pelas marcas. No entanto, o indivíduo responsável seria um subadulto e ainda não teria atingido seu tamanho total. Link comentou que o P. neivensis poderia crescer até cerca de 10 metros. "Era um animal colossal!", ele disse.
Sem evidências diretas do jacaré se alimentando da ave de terror, as descobertas representam um relato anedótico sobre um predador aquático se alimentando de um predador terrestre durante o Mioceno médio (entre 23 milhões e 5 milhões de anos atrás).
"Na minha opinião, este estudo contribui para entender a dieta do Purussaurus, a paisagem do medo perto dos corpos d'água [em] La Venta durante o meio Mioceno e as complexas interações ecológicas nos ecossistemas protoamazônicos da América do Sul [tropical]", concluiu Link.



